EPÍSTOLAS PAULIANAS
CONVERSANDO COM MEU AVÔ
MATERNO, JÚLIO XAVIER PINHEIRO
Diadema, minha amada cidade, 29 de dezembro de 2010.
Estimado avô Júlio!
Por Dionísio, como o tempo urge, nem parece que o Senhor embarcou na viagem sem volta para o Olimpo, no fatídico dia 26 de maio de 1966...
Espero que esta missiva cibernética o encontre vigoroso e cuidando dos equídeos, que tanto amava, nas pradarias olimpianas!!!!...
O Senhor nem imagina quantas transformações vertiginosas ocorreram, após a sua partida, neste maltratado e fascinante mundo em que ainda habito!!!! Por conta do avanço da medicina, se o Senhor estivesse entre nós, nos dias em curso, o mal que o afligia, a surdez, seria atenuado, porque existem aparelhos auditivos, que não o deixariam exasperado para entender o que dizíamos... Lembra como era difícil a nossa comunicação, por exemplo, para que entendesse que estava chovendo, precisávamos fazer mímicas!!!...
Que saudades quando o Senhor dizia pincinê, ao invés de óculos, máquina, ao invés de automóvel, bulir, ao invés de mexer, folia ou fuzarca, ao invés de brincadeira!!!... Lembra o seu júbilo com as Festas Juninas, que organizava com entusiasmo?!... Sabe, amado avô Júlio, acho estranho na nossa família não usarmos o diminutivo afetivo, porque nunca o tratei como vovô, mas sempre como avô, como ocorria e ocorre com os meus demais entes queridos...
Mais um ano está para terminar... Fico muito melancólico e saudoso, do meu tempo de infante, que nunca, jamais, em tempo algum, voltará, quando tinha a prerrogativa de me deleitar com seu amor (a avô Belmira Pedroso -1900-1985, sua esposa, era tão fleumática, e seu netinho dileto era meu primo Edson Dias Valente -1957-1982)... Lembra que, no início do ano novo, o Senhor nos dava de mimo (para este agora reles escrevinhador outonal e a linguaruda da Valquíria, minha irmã caçula) uma nota de dois cruzeiros? Quando o Senhor dizia: - “Divida esta nota com sua irmã”, pensava que era para cortá-la e dar a outra metade para a Valquíria[sic]!!!!
Por conta da sua decisão de não retornar mais ao bairro paulistano de Santana, onde nasceu, após a carnificina de 1924 (lembra que o Senhor fugiu apavorado com a avó Belmira Pedroso Pinheiro e sua então primogênita, Matilde Pedroso Pinheiro -1923-2008, minha adorada e saudosa mãe, que tinha um ano, para o sítio do seu sogro, Antônio Manoel Pedroso(1865-1927), em São Bernardo?!...), conhecida como Revolução de 1924, que ceifou muitas vidas dos seus contemporâneos, ainda continuo residindo na Freguesia de São Bernardo, que na contemporaneidade é composta de sete municípios, com um pouco mais de 2.500.000 habitantes, na antiga Vila Conceição, que agora é um pujante município chamado Diadema!!!!...
Estou muito apreensivo com o ano novo, porque não sabemos de fato o que nos espera, tendo em vista que a nova presidente eleita é uma neófita em cargos eletivos e nos deixa apreensivos com os rumos que teremos na sua gestão...
Enquanto isto, aguardo a minha partida para ir ao seu encontro no Olimpo, num dia incerto e não sabido...
Sua bênção, avô Júlio! Sempre o amei, amo e amarei!!!!!...
Afetuosíssimo e calorosíssimo abraço!
Do seu neto, que nunca, jamais, em tempo, algum, o esquecerá!!!!!!!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Família de Matilde Pedroso Pinheiro, que depois do matrimônio passou a chamar-se Matilde Pinheiro de Oliveira, mãe de João Paulo
Esta fotografia captou e eternizou um momento de uma das reiteradas visitas que a família da minha adorada e saudosa mãe fazia a cidade paulista de Pirapora do Bom Jesus, provavelmente em 1935 ou 1936. Minha mãe dizia que o avô materno dela, o Sr. Antônio Manoel Pedroso, já mantia esta tradição religiosa desde o final do século XIX
Professor João Paulo.
ResponderExcluirUm Feliz Ano Novo para você e sua familia.
Muita paz no coração, alegrias multiplicadas, saúde restabelecida e dim dim para gastar a vontade.
Que seu Expresso do Oriente continue sua viagem para lugares cada vez mais distantes e atraindo passageiros das mais diversas regiões do planeta.
Sucesso Sempre!!!
Obrigado.
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