EPÍSTOLA PAULIANA
Conversando com o Pirapora digo meu pai
Diadema, minha amada cidade, 8 de agosto de 2010.
Amado pai!
Mais uma vez venho aqui no seu jazigo, no sepulcrário da Vila Euclides, na parte reservada à Irmandade do Santíssimo Sacramento, para pedir-lhe a benção!
Pai, anteontem se o Senhor estivesse entre nós, teria completado 91 anos e amanhã completará 13 anos que não tenho mais a prerrogativa de vê-lo em carne e osso... O Senhor sabe por que hoje os jazigos estão repletos de flores?!... Quem saber mesmo?!... Então vou dizer-lhe: - HOJE É O DIA DOS PAIS!!!!!!!! Como nunca, jamais, em tempo algum, poderei abraçá-lo, bem como ouvir suas risadas estrondosas, que ainda ecoam nas minhas reminiscências, tenho como consolo vir neste “campo santo”, como dizia a mãe, para supor que estou falando com o Senhor, porque ainda continua dificílimo aceitar o seu desaparecimento. Para suportar a dura realidade da sua ausência, faço de conta, como a Emília, tomando o pó de pirlimpimpim, que meu “fiel amigo e mordomo imaginário”, o Max, chama de sais e os peço centuplicado, para supor que estou conversando com o Senhor através desta epístola, imaginando-o vigoroso no Olimpo!!!
Pai, tenho certeza que adoraria ter conhecido minha amada neta, que já tem 6 anos!!!... Imagino como a abraçaria calorosamente, além dos incontáveis beijos, que lhe daria!!! Cá entre nós, não é enfadonho ficar eternamente ai no Olimpo flanando sem destino pelas frondosas alamedas olimpianas, ouvindo os anjinhos barrocos tocando harpa e bocejando a todo instante, bem como seguindo aquelas intermináveis litanias?!... Folguedos a parte, o Senhor lembra:
- quando me levava à escola e eu ia todo garboso em pé, na sua máquina rodante?!...
- quando imediatamente colocava a mão no bolso e dava-me dinheiro para comprar livros ou então para que eu pudesse ir ao cinema e teatro?!...
- quando levava passageiros em viagens longas, levando-me também?!... Ainda sinto o cheiro delicioso do pão com mortadela e do guaraná Antarctica que o Senhor pedia para mim nas paradas na estrada, lembra?!...
- quando íamos visitar a avó Maria e depois íamos à casa da tia Noêmia lá em Piraporinha?!...
- quando o Senhor chegava em casa e eu corria ao seu encontro e o Senhor me carregava e beijava... A seguir, na hora da refeição, colocava-me no seu colo e o Senhor compartilhava comigo o seu almoço?!...
- quando eu trabalhava na Fundação Santo André e muitas vezes o Senhor me levava até lá?!...
- lembra quando adoeci na minha já distante adolescência e o Senhor fez de tudo para que meu restabelecimento fosse célere?!...
Amado pai, são tantas as lembranças, que meus outonais olhos estão marejados e lágrimas deslizam pela minha face sem viço de tantas saudades que sinto do Senhor...
Adorado pai, peço-lhe de joelhos, perdão:
- pelas preocupações que lhe causei...
- pela minha omissão quando o Senhor estava combalido e me chamava...
- por não ter suportado vê-lo fragilizado e dependente e não ajudado as meninas e o Raimundo, que não mediram esforços, com a esperança de que retornasse ao seu estado vigoroso, como era antes de adoecer...
- por não tê-lo ensinado a ler e escrever com fluência...
- por nunca ter-lhe dado reiterados beijos e afetuosos e apertados abraços, dizendo-lhe:
PAI: SEMPRE O AMEI, AMO E AMAREI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!... O SENHOR É A RAZÃO DA MINHA INSULSA EXISTÊNCIA!!!!!!!!!!!!!!...
Sua benção pai!!!!!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
PS – Pai, será que se este seu filhinho, órfão de pai e mãe, ligar para o Ponto de Táxi Carlos Gomes, lá em Santo André-SP, telefone: 44-31-06, o Senhor atende?!...
- Trim!!!... Trim!!!!... Trim!!!...
Pirapora – Pronto.
JP – Pai, quem fala é o João!!!...
Pirapora – O que aconteceu João?!...
JP – Quando o Senhor vem me buscar?!...
Pirapora – Quando você menos esperar estarei ai...
JP – Estou esperando!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!... Sua benção, Pai... Venha logo...
Aproveito o ensejo para agradecer os valiosos préstimos do valoroso admistrador do Sepulcrário da Vila Euclides, o gentil Clodomir Santos, que é o autor de grande parte das fotografias quer eternizaram minha visita ao jazigo do meu adorado e saudoso pai!!!!... Também considero alvissareiro saber que o Clodomir embarcou e tornou-se passageiro do meu vagão do Expresso Oriente!!!... Seja bem-vindo, Clodomir!!!!!...
Querido amigo João Paulo.
ResponderExcluirNão tenho palavras para descrever a comoção que me dominou, ao ler sua comovente carta ao seu pai. Lágrimas correram e me deu um nó na garganta, pois senti no coração a dor de perder um pai. Há um ano, perdi meu amado pai e assim como você, sinto a saudade da perda.
Só quem teve um pai como nós tivemos, tem boas e doces recordações.
Tenho certeza que o seu pai recebe esta carta com grande alegria e com o sentimento de dever cumprido.
Como filhos agradecidos, podemos erguer nossos pensamentos aos nossos pais, que nos deram a vida e fizeram de nós pessoas melhores.
Que Deus os tenha na glória e felicidade eternas e na certeza de que um dia nos reencontraremos, para concluirmos as tarefas filiais que ficaram incompletas.
A você e a todos os pais, deixo aqui o meu abraço e o meu desejo de um Feliz Dia dos Pais, com muita Saúde, Paz e Amor!
Carinhoso abraço.
Parabéns, professor João Paulo de Oliveira.
ResponderExcluirTenho certeza que o correio celeste já entregou sua carta para seu pai, que deve estar orgulhoso de você e cônscio de que cumpriu com dignidade seu dever de pai, enquanto aqui viveu.
Que neste dia consagrado aos pais, você receba o carinho de seus filhos e as bênçãos do seu pai que está no céu.
Um grande abraço.
Fátima Meirelles- R. Pires
Caríssima amiga Cristina Fonseca!
ResponderExcluirAgradeço sobremaneira suas gentis e acalentadoras palavras!!!!...
Caloroso abraço! Saudações agradecidas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Prezada confrade Fátima Meirelles!
ResponderExcluirMuito obrigado pelas acalentadoras palavras!
Afetuoso abraço! Saudações agradecidas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Prezado amigo!
ResponderExcluirNossa saudade é a certeza de que amamos e fomos muito amados, de que aprendemos com os nossos pais e procuramos transmitir aos nossos filhos o legado paterno. Cabe-nos perpetuar a sua memória, para que permaneçam sempre conosco.
Caríssima amiga Nivia Andres!
ResponderExcluirSuas ponderadas e sensatas palavras deram-me alento para continuar desempenhando as atribuições e atribulações do cotidiano...
Muitíssimo obrigado!!!! Nas horas que ficamos melancólicos é um refrigério ter amigos, como a Senhora, que nos dão esperanças de dias melhores!
Caloroso abraço! Saudações esperançosas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP