"Indústria da multa mostra insensatez
Milton Saldanha, jornalista
Sem nenhuma frescura, sou um motorista tranquilo. E procuro ser gentil no trânsito, principalmente com pedestres, para ajudar a passar bom exemplo. No entanto, acredite, estourei meus pontos com multas. E estou pendurado, no Detran, com a CNH presa por dois meses.
Aí fico sabendo que não sou caso raro. Será mais fácil, em São Paulo, perguntar quem não está na mesma situação.
Por mais que o ex-prefeito Haddad negue que tenha montado uma indústria de multas, não há como negar que isso aconteceu mesmo. Pois, vias expressas, como as marginais, com velocidade reduzida a 50 por hora, sem um limite razoável de tolerância ao suposto excesso, só reproduzem a insensatez de quem inventou isso.
Para começar, existe o fator segurança. Na madrugada, por exemplo, esta velocidade permite que qualquer motoqueiro assaltante encoste ao lado do seu carro e mande parar. Aí você tem que escolher entre o bandido e a multa. Porque a mesma autoridade que inventou essa estupidez não lhe deu proteção policial adequada.
Estou muito curioso para saber o quanto subiu a arrecadação de multas em São Paulo. Isso faz parte da previsão orçamentária da receita municipal, um absurdo.
Não sou contra controles e limites. Mas não consigo admitir a insensatez. A prova é que todas as multas que levei, por “excesso de velocidade”, não passam de quebrados, tipo 3, 4 ou 5 quilômetros acima do limite de 50. Não se verá sequer alguma multa a 70 por hora, muito menos a 90 ou 120. Logo, meu histórico não configura um motorista imprudente e infrator contumaz.
Quem dirige na cidade sabe que em determinados momentos você é obrigado a acelerar, para sair de uma situação de risco. Não raro isso acontece justamente perto de um radar. É o momento em que se ferra.
Por falar nele, o radar, seria interessante verificar a aferição desses aparelhos. Recentemente um deles foi descoberto, na avenida M`Boi Mirim, completamente desregulado, multando os ônibus na faixa exclusiva. Os motoristas perceberam a sacanagem e reclamaram. Foram verificar e, de fato, o radar estava mal aferido. Mas contra os motoristas, claro. Tiveram que cancelar todas as multas. Então cabe a pergunta: era só este radar? Quem garante que outros não estão na mesma situação?
Ao ter sua CNH temporariamente suspensa, você descobre que está também sendo vítima de três punições simultâneas, e isso é uma ilegalidade. 1) Pagou as multas. 2) Tem que cumprir uma suspensão, que pode variar de um mês a dois anos, conforme a infração. 3) Tem que fazer um cursinho de reciclagem.
Causa espanto, no país da propina e da impunidade dos grandes corruptos, tanto rigor com o cidadão comum. Muitas vezes porque levou uma multa por não ter percebido a mudança brusca do limite em determinado trecho. Se eles tivessem o mesmo rigor para lidar com o dinheiro público seria bem mais interessante, suponho. Idem para coibir os chamados jeitinhos, através de despachantes que oferecem publicamente “soluções” para qualquer problema do trânsito. Como, cara pálida? Tem algo de podre nisso, que precisa ser investigado.
Uma última palavra, sobre o cursinho. A intenção é boa, como medida educativa. No entanto, o cursinho é um festival de bobagens e incompetência, com pegadinhas.
Qualquer ensinamento tem que primar pela clareza e objetividade. Jamais com questões dúbias, que podem induzir a pessoa ao equívoco.
Numa só palavra, o cursinho é uma merda.
SUGESTÕES
Primeira: coloquem o atual cursinho no lixo e contratem pessoas competentes para elaborar um novo, que cumpra de forma eficiente e útil sua função educativa
Segunda: uma anistia geral a todos que estão com suas CNHs suspensas ou em situação de suspensão. Com base nas mudanças de critérios da nova gestão municipal. Isso torna sem sentido as multas aplicadas pelo critério anterior. A não ser que estejam brincando com a gente.
Milton Saldanha
Jornal Dance, editor"
Resposta
Claro
que na ocasião fiquei exasperado, mas depois considerei altamente
salutar a suspensão, porque foi um divisor de águas no modo de conduzir
minha máquina rodante. Depois desta mudança radical, em 2003, conto nos
dedos da mão esquerda - e sobram dedos - o número de multas que me foi
imputada, a última foi no dia 22 de outubro de 2013, quando foi
publicada minha aposentadoria e para comemorar trafegava na Rodovia Rio
Santos a caminho de Paraty e fui flagrado por um zeloso policial
rodoviário, ao fazer uma ultrapassagem proibida antes e chegar na cidade
de Caraguatatuba.
Milton Saldanha, jornalista
Sem nenhuma frescura, sou um motorista tranquilo. E procuro ser gentil no trânsito, principalmente com pedestres, para ajudar a passar bom exemplo. No entanto, acredite, estourei meus pontos com multas. E estou pendurado, no Detran, com a CNH presa por dois meses.
Aí fico sabendo que não sou caso raro. Será mais fácil, em São Paulo, perguntar quem não está na mesma situação.
Por mais que o ex-prefeito Haddad negue que tenha montado uma indústria de multas, não há como negar que isso aconteceu mesmo. Pois, vias expressas, como as marginais, com velocidade reduzida a 50 por hora, sem um limite razoável de tolerância ao suposto excesso, só reproduzem a insensatez de quem inventou isso.
Para começar, existe o fator segurança. Na madrugada, por exemplo, esta velocidade permite que qualquer motoqueiro assaltante encoste ao lado do seu carro e mande parar. Aí você tem que escolher entre o bandido e a multa. Porque a mesma autoridade que inventou essa estupidez não lhe deu proteção policial adequada.
Estou muito curioso para saber o quanto subiu a arrecadação de multas em São Paulo. Isso faz parte da previsão orçamentária da receita municipal, um absurdo.
Não sou contra controles e limites. Mas não consigo admitir a insensatez. A prova é que todas as multas que levei, por “excesso de velocidade”, não passam de quebrados, tipo 3, 4 ou 5 quilômetros acima do limite de 50. Não se verá sequer alguma multa a 70 por hora, muito menos a 90 ou 120. Logo, meu histórico não configura um motorista imprudente e infrator contumaz.
Quem dirige na cidade sabe que em determinados momentos você é obrigado a acelerar, para sair de uma situação de risco. Não raro isso acontece justamente perto de um radar. É o momento em que se ferra.
Por falar nele, o radar, seria interessante verificar a aferição desses aparelhos. Recentemente um deles foi descoberto, na avenida M`Boi Mirim, completamente desregulado, multando os ônibus na faixa exclusiva. Os motoristas perceberam a sacanagem e reclamaram. Foram verificar e, de fato, o radar estava mal aferido. Mas contra os motoristas, claro. Tiveram que cancelar todas as multas. Então cabe a pergunta: era só este radar? Quem garante que outros não estão na mesma situação?
Ao ter sua CNH temporariamente suspensa, você descobre que está também sendo vítima de três punições simultâneas, e isso é uma ilegalidade. 1) Pagou as multas. 2) Tem que cumprir uma suspensão, que pode variar de um mês a dois anos, conforme a infração. 3) Tem que fazer um cursinho de reciclagem.
Causa espanto, no país da propina e da impunidade dos grandes corruptos, tanto rigor com o cidadão comum. Muitas vezes porque levou uma multa por não ter percebido a mudança brusca do limite em determinado trecho. Se eles tivessem o mesmo rigor para lidar com o dinheiro público seria bem mais interessante, suponho. Idem para coibir os chamados jeitinhos, através de despachantes que oferecem publicamente “soluções” para qualquer problema do trânsito. Como, cara pálida? Tem algo de podre nisso, que precisa ser investigado.
Uma última palavra, sobre o cursinho. A intenção é boa, como medida educativa. No entanto, o cursinho é um festival de bobagens e incompetência, com pegadinhas.
Qualquer ensinamento tem que primar pela clareza e objetividade. Jamais com questões dúbias, que podem induzir a pessoa ao equívoco.
Numa só palavra, o cursinho é uma merda.
SUGESTÕES
Primeira: coloquem o atual cursinho no lixo e contratem pessoas competentes para elaborar um novo, que cumpra de forma eficiente e útil sua função educativa
Segunda: uma anistia geral a todos que estão com suas CNHs suspensas ou em situação de suspensão. Com base nas mudanças de critérios da nova gestão municipal. Isso torna sem sentido as multas aplicadas pelo critério anterior. A não ser que estejam brincando com a gente.
Milton Saldanha
Jornal Dance, editor"
Resposta
Querido Amigo Milton Saldanha, bom dia.
No ano de 2003 também fui suspenso do direito de dirigir - por dois meses - por ter cometido infrações similares as suas.
Você, como motorista consciente que é,
certamente testemunha incontáveis infrações de trânsito, quando está a
bordo da sua máquina rodante ou então num transporte coletivo.
No
meu viés a tão propalada "Indústria de Multas" é apenas uma nesga de um
gigantesco volume de infrações de trânsito que não são flagradas por
radares ou por zelosos homens da Lei.
Caloroso abraço. Saudações divergentes.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário