CELULOIDE SECRETO, OUTROS VIESES! Este vagão do Expresso do Oriente, sob o comando do Prof Ms João Paulo de Oliveira, um insulso ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, tem como escopo versar sobre existencialismo, cultura e memória, alicerçado no viés da filósofa Hannah Arendt: "As ideias se estilhaçam frente à realidade". Como é aterrorizante ter ciência da dura realidade de viver sob a égide do "Mito das Cavernas"...
O Todesca está na janela apreciando a paisagem...
domingo, 25 de dezembro de 2011
A Pequena Vendedora de Fósforos - Hans Christian Andersen (1805-1875)
Caros(as) confrades!
Considerei pertinente trazer à baila novamente esta publicação, que apresentei neste vagão do Expresso do Oriente nesta mesma data no ano passado:
Caros(as) confrades!
Sempre fico exasperadíssimo quando releio este inquietante conto do notável escritor dinamarquês Hans Christian Andersen (1805-1875) e lágrimas deslizam pela minha face sem viço, porque não consigo conter a emoção ao me deparar com a nefasta exclusão social, que aniquila incontáveis vidas ou as condena a viver de maneira indigna, em áreas de risco ou insalubres, com infraestrutura urbana precaríssima, onde seus direitos Constitucionais não são garantidos.
Hoje é um dia em que os sintomas da "cegueira branca" ficam mais intensos, porque nos reunimos com entes queridos e amigos, com mesa farta, bem como repletos de mimos, onde as máscaras da harmonia, amor e união são a tônica, enquanto isto as carnificinas advindas das guerras, que assolam este maltratado e fascinante mundo que vivemos continuam a todo o vapor e incontáveis infantes desvalidos não têm certeza que alimentar-se-ão a contento no dia em curso...
Max!!!!... Peço-lhe encarecidamente que traga meus sais centuplicado, porque o show deve continuar!!!!!...
A seguir transcrevo o inquietante conto do escritor Hans Christian Andersen e ao final cito a fonte de onde o copiei:
Fazia um frio terrível; caía a neve e estava quase escuro; a noite descia: a última noite do ano.
Em meio ao frio e à escuridão uma pobre menininha, de pés no chão e cabeça descoberta, caminhava pelas ruas.
Quando saiu de casa trazia chinelos; mas de nada adiantavam, eram chinelos tão grandes para seus pequenos pézinhos, eram os antigos chinelos de sua mãe.
A menininha os perdera quando escorregara na estrada, onde duas carruagens passaram terrivelmente depressa, sacolejando.
Um dos chinelos não mais foi encontrado, e um menino se apoderara do outro e fugira correndo.
Depois disso a menininha caminhou de pés nus - já vermelhos e roxos de frio.
Dentro de um velho avental carregava alguns fósforos, e um feixinho deles na mão.
Ninguém lhe comprara nenhum naquele dia, e ela não ganhara sequer um níquel.
Tremendo de frio e fome, lá ia quase de rastos a pobre menina, verdadeira imagem da miséria!
Os flocos de neve lhe cobriam os longos cabelos, que lhe caíam sobre o pescoço em lindos cachos; mas agora ela não pensava nisso.
Luzes brilhavam em todas as janelas, e enchia o ar um delicioso cheiro de ganso assado, pois era véspera de Ano-Novo.
Sim: nisso ela pensava!
Numa esquina formada por duas casas, uma das quais avançava mais que a outra, a menininha ficou sentada; levantara os pés, mas sentia um frio ainda maior.
Não ousava voltar para casa sem vender sequer um fósforo e, portanto sem levar um único tostão.
O pai naturalmente a espancaria e, além disso, em casa fazia frio, pois nada tinham como abrigo, exceto um telhado onde o vento assobiava através das frinchas maiores, tapadas com palha e trapos.
Suas mãozinhas estavam duras de frio.
Ah! bem que um fósforo lhe faria bem, se ela pudesse tirar só um do embrulho, riscá-lo na parede e aquecer as mãos à sua luz!
Tirou um: trec! O fósforo lançou faíscas, acendeu-se.
Era uma cálida chama luminosa; parecia uma vela pequenina quando ela o abrigou na mão em concha...
Que luz maravilhosa!
Com aquela chama acesa a menininha imaginava que estava sentada diante de um grande fogão polido, com lustrosa base de cobre, assim como a coifa.
Como o fogo ardia! Como era confortável!
Mas a pequenina chama se apagou, o fogão desapareceu, e ficaram-lhe na mão apenas os restos do fósforo queimado.
Riscou um segundo fósforo.
Ele ardeu, e quando a sua luz caiu em cheio na parede ela se tornou transparente como um véu de gaze, e a menininha pôde enxergar a sala do outro lado. Na mesa se estendia uma toalha branca como a neve e sobre ela havia um brilhante serviço de jantar. O ganso assado fumegava maravilhosamente, recheado de maçãs e ameixas pretas. Ainda mais maravilhoso era ver o ganso saltar da travessa e sair bamboleando em sua direção, com a faca e o garfo espetados no peito!
Então o fósforo se apagou, deixando à sua frente apenas a parede áspera, úmida e fria.
Acendeu outro fósforo, e se viu sentada debaixo de uma linda árvore de Natal. Era maior e mais enfeitada do que a árvore que tinha visto pela porta de vidro do rico negociante. Milhares de velas ardiam nos verdes ramos, e cartões coloridos, iguais aos que se vêem nas papelarias, estavam voltados para ela. A menininha espichou a mão para os cartões, mas nisso o fósforo apagou-se. As luzes do Natal subiam mais altas. Ela as via como se fossem estrelas no céu: uma delas caiu, formando um longo rastilho de fogo.
"Alguém está morrendo", pensou a menininha, pois sua vovozinha, a única pessoa que amara e que agora estava morta, lhe dissera que quando uma estrela cala, uma alma subia para Deus.
Ela riscou outro fósforo na parede; ele se acendeu e, à sua luz, a avozinha da menina apareceu clara e luminosa, muito linda e terna.
- Vovó! - exclamou a criança.
- Oh! leva-me contigo!
Sei que desaparecerás quando o fósforo se apagar!
Dissipar-te-ás, como as cálidas chamas do fogo, a comida fumegante e a grande e maravilhosa árvore de Natal!
E rapidamente acendeu todo o feixe de fósforos, pois queria reter diante da vista sua querida vovó. E os fósforos brilhavam com tanto fulgor que iluminavam mais que a luz do dia. Sua avó nunca lhe parecera grande e tão bela. Tornou a menininha nos braços, e ambas voaram em luminosidade e alegria acima da terra, subindo cada vez mais alto para onde não havia frio nem fome nem preocupações - subindo para Deus.
Mas na esquina das duas casas, encostada na parede, ficou sentada a pobre menininha de rosadas faces e boca sorridente, que a morte enregelara na derradeira noite do ano velho.
O sol do novo ano se levantou sobre um pequeno cadáver.
A criança lá ficou, paralisada, um feixe inteiro de fósforos queimados. - Queria aquecer-se - diziam os passantes.
Porém, ninguém imaginava como era belo o que estavam vendo, nem a glória para onde ela se fora com a avó e a felicidade que sentia no dia do Ano Novo."
Fonte: http://www.qdivertido.com.br/verconto.php?codigo=23
Os dados referentes ao escritor dinamarquês foram pesquisados na Wikipédia
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Estimado Confrade e Ilustre prof. João Paulo,
ResponderExcluirFaz já uns anitos que li esse maravilhoso conto, A pequena vendedora de fósforos, do fantástico escritor Hans Christian, e fiquei igualmente super emociaonado com to o conto e o desfecho do mesmo.
Era Dezembro, andava embarcado e por essa altura uma enorme vaga de refugiados vietnamitas aportava a Macau, pessoas que fugiam da guerra da fome da perseguição e nada tinham com eles a não ser a sua força de vontade de recomeçarem uma nova vida em qualquer parte do mundo.
Sofri imenso em os ajudar, passei muito, mas tinha em mente esse belo conto, e nada do que fazia se poderia comparar a essa bela menina vendedoras de fosforos.
Ainda hoje quando releu o conto fico emocionado.
Continuação de boas festas. Abraço amigo
Estimado confrade e amigo António Cambeta!
ResponderExcluirSua atitude em ajudar os vietnamitas desvalidos deixa patente que você é uma pessoa solidária!!!
Caloroso abraço! Saudações solidárias!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Prezadíssimo amigo!
ResponderExcluirComo está? Não conhecia o conto e o achei maravilhoso. Nessa época de festas, parece que a solidariedade aflora em nós com mais força. Aqui no local em que trabalho, no Centro Empresarial de Santiago, desde 2004, fazemos uma campanha chamada Meu Sonho de Natal, destinada a presentear as crianças carentes do município. As crianças escrevem ao Papai Noel do CES contando o seu sonho e nós tentamos realizá-lo. Desta vez, recebemos quase mil cartinhas, sendo que 800 foram atendidas. Veja só, a maioria das crianças pede uma cesta básica, uma ceia de Natal ou material escolar. Isso demonstra que são muito pobres, já que pedem comida ou material para a escola. Os pequeninos esqueceram dos brinquedos...Tentamos ajudar a todos, colocando um brinquedinho também na cesta de alimentos. Sei que é muito pouco, mas tenho certeza de que muitas delas ficaram felizes. Ao longo do próximo ano vamos fazer várias campanhas de doação de alimentos, já que nos comove bastante a miséria envolvendo crianças. Também vamos gestionar junto ao Poder Público a extensão de programas sociais mais eficientes.
Um grande abraço e saudades,
Nivia
Caríssima amiga Nivia Andres!
ResponderExcluirConsidero auspicioso saber que durante o ano vindouro estas ações de solidariedade terão continuidade!!!!
Caloroso abraço! Saudações saudosas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP