EPÍSTOLAS PAULIANAS
CONVERSANDO COM O NOBILÍSSIMO ESCRITOR JOSÉ SARAMAGO
Diadema, minha amada cidade, 19 de junho de 2010.
Nobilíssimo José Saramago!
Não consigo externar, através da linguagem escrita, com precisão o sentimento de desalento , de desamparo, que tomou conta da minha insulsa existência, desde ontem cedo, quando soube por intermédio da minha querida amiga, a jornalista Nívia Andres, que Vossa Senhoria deixou de existir...
Não é possível ficar indiferente ao se debruçar sobre seus imperdíveis e inquietantes livros, como por exemplo: “O Evangelho segundo Jesus Cristo”, “Ensaio sobre a cegueira” e “Ensaio sobre a lucidez”, porque estas preciosas obras literárias desvelam, sem vaselina, seu argutíssimo e erudito viés de mundo, tornando-nos propensos a rever nossos conceitos e modos de vida, bem como nos possibilitam a pensar, pensar, pensar, pensar,pensar...
Quando cheguei à luz, neste maltratado e fascinante mundo, que ainda habito, Vossa Senhoria estava para completar 31 anos... Fico a divagar o deleite inefável que seria manter colóquios intermináveis com um pensador supimpa, como o caríssimo amigo, que nos legou além das suas preciosas obras literárias, um preceito irrefutável, que é estar sempre atento a ler nas entrelinhas, além de sempre especular, especular, especular, o que é estabelecido como dogma ou norma.
Sua existência foi um refrigério, um porto seguro, um oásis, num deserto de velamento e alienação!!! É evidente que seu viés de mundo causava comoção, porque não interessa aos poderes instituídos o questionamento ao que está estabelecido e é claro cidadãos inquiridores, que tem como escopo o desvelamento.
O seu desaparecimento ocorreu no período que está nas “luzes da ribalta” a disputa pelo almejadíssimo título de Campeão Mundial de Futebol. Se fosse um jogador de futebol renomado a deixar de existir, a comoção tomaria conta deste Reino, digo, República, que ainda vivo, que tem uma candidata ao cargo de Timoneiro Mor com perfil totalitário...
Como é aniquilante a dura realidade de saber que nunca, jamais, em tempo algum, teremos a prerrogativa de esperar sair do prelo mais uma imperdível obra de sua autoria...
Como será a não existência? O que é o nada? Como uma mente brilhante com a sua simplesmente desaparece para sempre? Que tristeza profunda saber que logo mais seus despojos mortais serão incinerados... Pensando racionalmente é melhor do que ficar imaginando a decomposição do seu corpo numa fria lápide, onde o silêncio sepulcral impera...
ATÉ NUNCA MAIS, CARÍSSIMO AMIGO JOSÉ SARAMAGO...
NUNCA O VI, SEMPRE O AMEI!
Até breve...
Compungidamente...
João Paulo de Oliveira
João Paulo de Oliveira
Olá Criança.
ResponderExcluirTambém aprecio muito as obras de José Saramago,ele sempre teve um dom de tocar as pessoas pelos seus escritos,o mundo ficou um pouco mais órfão culturalmente.
Acho que esse é um assunto que você pode falar lá no blog, tenho certeza que você daria um show,inteligente como você é,e conhecedor desse estupendo escritor...
Beijossssssssssssss.