Caros confrades/passageiros!
Tenho a
gratíssima satisfação de publicar neste vagão do Expresso do Oriente, sob meu comando, que também como escopo trazer à baila a memória familiar, o
brilhante texto da lavra da minha estimada amiga, a jornalista e escritora Nívia Andres, que reside na cidade de Santiago, localizada no pujante estado meridional do Rio Grande do Sul!
Esta sensibilíssima crônica desvela com primor e deixa patente o motivo pelo meu apreço pela memória familiar!
Sempre fico enternecido quando me deparo com a brilhante pena da Nívia Andres, que me dá esperança de dias melhores num mundo harmonioso!
"REFLEXÕES
Martha Medeiros, escritora festejada e excelente cronista de Zero Hora, nos ofereceu, certa vez, no Caderno Dominical Donna, um texto comovente por sua profundidade e sutileza, suscitando uma série de indagações - O último a lembrar de nós. Martha faz referência ao livro de Amós Oz, Rimas da Vida e da Morte, em que o autor comenta, a certa altura da narrativa: "A gente vive até o dia em que morre a última pessoa que lembra de nós. Pode ser um filho, um neto, um bisneto ou um admirador, mas enquanto essa pessoa viver, mesmo a gente já tendo morrido, viveremos através da lembrança dele. Só quando essa pessoa morrer, a última que ainda lembra de nós, é que morreremos em definitivo, para sempre. Estaremos tão mortos como se nunca tivéssemos existido."
Esta crônica deve ter mexido com a sensibilidade de muitas pessoas, não só com a minha, por suposto. O que fazemos para preservar a memória das pessoas a quem amamos e já partiram? Lembramos delas constantemente, só no nosso coração, onde estão instaladas para sempre, ou fazemos questão de lembrá-las aos filhos, sobrinhos, netos, bisnetos, amigos comuns e admiradores?
Lendo a crônica da Martha, lembrei-me de meu pai e de como fazemos questão, em família, de perpetuar sua memória, de tão boas lembranças, ações e atitudes. Só um de meus nove sobrinhos conheceu o Avô Luiz - a Marcela, ainda muito pequena, tinha só três anos quando ele faleceu. Mas todos sabem como o avô era, o que ele fazia, do que ele gostava, o que ele nos ensinava. Sabem mais - podem sentir a felicidade que o avô teria se pudesse conhecê-los e conviver com eles, tal a força do amor deste homem a quem tivemos a honra de chamar de Pai! Talvez seja por isso que, mesmo de maneira inconsciente, frequentemente me refiro a ele, em meus textos, exaltando suas qualidades e relembrando alguns momentos marcantes de nossa convivência...
Martha, em seu texto, também refere que grandes músicos, cineastas, escritores e gente que se notabiliza por alguma razão específica conseguem uma "imortalidade estendida", mas serão sempre lembrados "por sua imagem pública, não mais a privada - não mais a lembrança da voz ao acordar, da risada, do bom humor ou do mau humor, não mais daquilo que lhe personificava a intimidade..."
E fiquei a pensar. Nós somos mesmo muito passageiros, efêmeros, medíocres - Vivemos num mundo cheio de competição e violência e dele não vamos levar nada. Muitos não vão deixar nem mesmo alguma lembrança do que foram na intimidade,porque não tiveram tempo de construí-la.
E você, o que está fazendo por sua memória?"
Esta sensibilíssima crônica desvela com primor e deixa patente o motivo pelo meu apreço pela memória familiar!
Sempre fico enternecido quando me deparo com a brilhante pena da Nívia Andres, que me dá esperança de dias melhores num mundo harmonioso!
"REFLEXÕES
Martha Medeiros, escritora festejada e excelente cronista de Zero Hora, nos ofereceu, certa vez, no Caderno Dominical Donna, um texto comovente por sua profundidade e sutileza, suscitando uma série de indagações - O último a lembrar de nós. Martha faz referência ao livro de Amós Oz, Rimas da Vida e da Morte, em que o autor comenta, a certa altura da narrativa: "A gente vive até o dia em que morre a última pessoa que lembra de nós. Pode ser um filho, um neto, um bisneto ou um admirador, mas enquanto essa pessoa viver, mesmo a gente já tendo morrido, viveremos através da lembrança dele. Só quando essa pessoa morrer, a última que ainda lembra de nós, é que morreremos em definitivo, para sempre. Estaremos tão mortos como se nunca tivéssemos existido."
Esta crônica deve ter mexido com a sensibilidade de muitas pessoas, não só com a minha, por suposto. O que fazemos para preservar a memória das pessoas a quem amamos e já partiram? Lembramos delas constantemente, só no nosso coração, onde estão instaladas para sempre, ou fazemos questão de lembrá-las aos filhos, sobrinhos, netos, bisnetos, amigos comuns e admiradores?
Lendo a crônica da Martha, lembrei-me de meu pai e de como fazemos questão, em família, de perpetuar sua memória, de tão boas lembranças, ações e atitudes. Só um de meus nove sobrinhos conheceu o Avô Luiz - a Marcela, ainda muito pequena, tinha só três anos quando ele faleceu. Mas todos sabem como o avô era, o que ele fazia, do que ele gostava, o que ele nos ensinava. Sabem mais - podem sentir a felicidade que o avô teria se pudesse conhecê-los e conviver com eles, tal a força do amor deste homem a quem tivemos a honra de chamar de Pai! Talvez seja por isso que, mesmo de maneira inconsciente, frequentemente me refiro a ele, em meus textos, exaltando suas qualidades e relembrando alguns momentos marcantes de nossa convivência...
Martha, em seu texto, também refere que grandes músicos, cineastas, escritores e gente que se notabiliza por alguma razão específica conseguem uma "imortalidade estendida", mas serão sempre lembrados "por sua imagem pública, não mais a privada - não mais a lembrança da voz ao acordar, da risada, do bom humor ou do mau humor, não mais daquilo que lhe personificava a intimidade..."
E fiquei a pensar. Nós somos mesmo muito passageiros, efêmeros, medíocres - Vivemos num mundo cheio de competição e violência e dele não vamos levar nada. Muitos não vão deixar nem mesmo alguma lembrança do que foram na intimidade,porque não tiveram tempo de construí-la.
E você, o que está fazendo por sua memória?"
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