Caros confrades passageiros!
Tenho a grata satisfação de informá-los que ontem o HenriquAmigo teve a deferência de publicar na www.aminhatravessadoferreira. blogspot.pt.
um tributo que prestei a minha saudosa amiga Irene Soffner dedicando-lhe uma das minhas Epístolas Paulianas!
Sábado, 17 de Agosto de 2013
DIADEMA, AMADA
CIDADE
Conversando com a minha
saudosa amiga Irene
Soffner
· Epístolas Paulianas
Caríssima amiga Irene!
Por Dionísio, como o tempo urge...
Hoje, faz quatro anos que visitei seu jazigo, no Sepulcrário
da Quarta Parada, mais precisamente na quadra 63, jazigo 11, que fica
localizado na nossa pujante capital paulista. Fiquei muito triste, porque ele
aparentava abandono. Estava coberto de
mato com cacos de vasos e vidro e
sua placa de identificação jogada num canto, sem posição de destaque,
com o canto superior direito quebrado. Claro que coloquei a placa num local
adequado e os dois vasos de flores que levei cada um ladeando-a, onde consta:
Irene Soffner 20/12/1922-01/11/1998.
Nunca me esqueço, quando a conheci nos idos anos de 1976 ao
assumir as funções atinentes ao cargo de escriturário, no extinto DEOPS, com
designação na Delegacia de Estrangeiros e Passaportes. Fui trabalhar com você
na seção de Protocolo, lembra? Você era muito querida por todos os colegas e as
partes que a procuravam para solicitar sua intercessão, com o escopo de
resolver a documentação pendente para permanência definitiva no país,
naturalização e passaporte. Também os chilenos, bolivianos, libaneses a
consideravam como uma fada madrinha, por conta da sua ação intercessora.
Lembra do grande
amor da sua vida, aquele libanês safado que somente mantinha um relacionamento
amoroso com você, porque esperava que a documentação pendente, para permanecer
definitivamente no Brasil, fosse solucionada? Nunca me esqueço de como você era
apaixonada por aquele traste e não adiantava nada falar que ele não prestava...
Você sempre chegava à repartição com o extinto
periódico Notícias Populares, que também era conhecido como “espreme sangue”,
debaixo do braço e ficava com os olhos brilhando, quando começava a descrever
as tragédias que acabara de ler na máquina rodante coletiva, que a trazia do
bairro da Casa Verde até o Largo Paissandu e depois você ia caminhando até a
repartição. Nossa, até hoje penso de como você, às vezes, chegava à seção com a
aparência aniquilada e quando indagada do motivo de estar naquele estado, dizia
que tinha acabado de sair de um velório e chorou copiosamente ao lado da viúva.
O "espreme sangue" |
Quando eu perguntava se o falecido era da família ou amigo,
você dizia que nunca o tinha visto, mas não resistira em parar no Sepulcrário
do Araçá, embarcando em outro transporte coletivo, antes de ir à Delegacia de
Estrangeiros e Passaportes. Lembra como
você também era conhecidíssima lá na Rua 25 de março e adjacências?
Também
nunca esqueço quando meu filho nasceu em 1979 e você ia comigo do lado de lá do
Parque D. Pedro, para procurar lojas que comercializavam fraldas descartáveis
mais em conta e depois me ajudava a levar o volumoso pacote até a Estação São
Bento do Metro, onde eu seguia até a Estação Jabaquara, para embarcar numa
máquina rodante coletiva interurbana para minha então cidade de morada,
Guarujá-SP.
Estação Jabaquara |
Depois que fui transferido para a Delegacia de Polícia de
Guarujá, nossos contatos continuaram. Quando o DEOPS foi extinto, você fez
questão de trabalhar no Instituto Médico Legal e quando me visitava no Guarujá,
relatava com aparente horror os casos que davam entrada nos dias do seu
plantão, mas no fundo sei que você vibrava com aquilo tudo.
Irene, apesar da sua morbidez, você era boníssima,
incapaz de fazer mal a ninguém. Fiquei abaladíssimo ao saber do seu óbito, mais
ainda, quando soube que você foi barbaramente assassinada, na sua morada no
bairro da Casa Verde, quando estava
sozinha, por facínoras, sob efeito de substâncias ilícitas, a golpes de
picareta... O que me causa estupefação é que a morte trágica foi bem ao estilo
que você vibrava ao ler o extinto
periódico Notícias Populares.
Seus entes queridos, em especial seus três sobrinhos, eram
amados por ti. Amada e saudosa amiga Irene Soffner,
o mundo ficou insulso sem
sua presença radiante. Encontrei esta forma de externar o que sinto por você,
porque sua radiante existência deixou marcas indeléveis na minha vida. Minha
mulher sempre fala de você, meus falecidos sogro e cunhada também a tinham em
alta estima e consideração.
Irene Sffner |
Se supostamente existisse vida após a morte, tenho
certeza que você estaria ajudando na recepção de pessoas que faleceram
subitamente e de modo trágico, como por exemplo, homicídios, cataclismos,
carnificinas ou desastres em decorrências de inoperância de máquinas criadas
pelo Homo Sapiens.
Se recorda daquela vez que você me levou numa
cartomante, lá no bairro do Pari, que previu nas cartas que eu ficaria
perdidamente apaixonado por uma amante (sic) e que deixaria minha esposa, antes
que meu casamento completasse sete anos? Pois é, Irene,
já são trinta e seis anos, que a Alice me atura. Quando a saudade
estiver muito intensa escrever-lhe-ei uma nova epístola pauliana. Caloríssimo e
afetuosíssimo abraço deste seu amigo que nunca a esquece. Até breve...
João
Paulo de Oliveira
Diadema, 4 de agosto de 2013.
Já tinha comentado do blogue do FerreirAmigo.
ResponderExcluirExcelente e emocionante, Amigo João Paulo de Oliveira.
Grande abraço e votos de boa semana!
Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo.
ResponderExcluirLinda e emociante epístola dedicada a sua amada Irene Soffner.
Abraço amigo
Caro Amigo Pedro Coimbra!
ResponderExcluirNão esqueço a disputa amigável que fazíamos para ver quem terminava primeiro de datilografar as fichas de protocolos dos processos de permanência definitiva e também de naturalização, que vinham de Brasília-DF, para a alegria dos estrangeiros que aguardavam os tão esperados documentos!
Agradeço e retribuo os auspiciosos votos!
Saudades...
Caloroso abraço! Saudações reminiscentes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Caro Amigo António Cambeta!
ResponderExcluirFolgo saber que apreciou o tributo que prestei a inesquecível Irene Soffner!
Caloroso abraço! Saudações saudosas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP