Caros(as) confrades!
A Epístola Pauliana, que a seguir transcrevo, foi postado ontem no palpitante e imperdível espaço cibernético do jornalista Edward de Souza:
artigosedwardsouza.blogspot.com
EPÍSTOLAS PAULIANAS
CONVERSANDO COM O SAUDOSO CONTERRÂNEO, JORNALISTA JOSÉ MARQUEIZ
Diadema, minha amada cidade, 27 de julho de 2010.
Prezado jornalista José Marqueiz!
Ainda continuo fascinado com o mundo cibernético, que possibilitou contatos e aprendizagens que seriam inimagináveis poucas décadas atrás! Isto posto, suponho chegar a sua presença, através desta singela missiva porque, infelizmente, você nos deixou no fatídico dia 29 de novembro de 2008.
Antes de ler os capítulos da imperdível série “Memória Terminal”, que o chefe Edward (seu amigo e colega) publica no palpitante espaço eletrônico jornalístico que ele mantém, com o precioso subsídio da brilhante jornalista Nívia Andres, já sabia da sua existência, porque você foi um jornalista renomado e tarimbado, que ganhou o cobiçadíssimo Prêmio Esso de Jornalismo, no início da sua profícua carreira jornalística. Certamente li muitas matérias assinadas por você, mas por conta da minha combalida memória não saberia nomear a mais marcante, apenas que tenho certeza de que li muitas reportagens de sua autoria.
Seus viéses de mundo, que corajosamente você deixou registrados para as gerações do porvir, no período em que sabia estar acometido por uma doença incurável, fazendo uma retrospectiva da sua radiante vida, deixaram-me numa inquietação exacerbada, porque fiquei com a impressão de ser partícipe de uma terapia de grupo. A princípio, fiquei estupefato com sua ousadia em desvelar, sem qualquer prurido, fatos da alçada familiar, bem como os malefícios que o alcoolismo causou em sua vida pessoal e profissional. No decorrer dos capítulos, comecei a ficar exasperado com sua audácia em tornar de domínio público fatos íntimos, bem como expondo pessoas das suas relações familiares que também já deixaram de existir... Neste ínterim proferia, em pensamento, impropérios impublicáveis, além de ter a sensação que estava sem chão. A seguir, de maneira mais racional, fiz uma auto-análise e cheguei à conclusão de que, na verdade, fiquei com inveja do seu destemor em tornar letra morta convenções sociais, bem como mandar para a... Cochinchina o peçonhento 7º Mandamento!!!!!!!!!!!!!!...
Nos capítulos em que você relatava o martírio que sofreu por conta daquela maldita doença, que não ouso pronunciar o nome, muitas lágrimas deslizaram pela minha insulsa face outonal, principalmente ao saber que você estava num nosocômio a mercê dos asseclas de Hipócrates, cônscio do seu estado terminal. Por Dionísio! Sinto frêmitos inefáveis ao saber da cruel realidade da nossa finitude e, mais ainda, quando deixamos de existir, após aniquilante sofrimento. Este é um dos cruciantes motivos, que apesar do meu empenho em retornar a condição de crédulo, cada vez mais fortalece minha incredulidade!
Pelos relatos dos seus parceiros de ofício, na série “Memória Terminal”, fica patente seu prestígio, além do fato de ser muito estimado. É evidente que por conta do disputadíssimo prêmio que você ganhou e de sua maravilhosa verve, também teve desafetos... Bem, é melhor deixar de lado esses filhos da Hydra, relegando-os à sua insignificância...
Descobri, também, com a imperdível série citada, que somos conterrâneos e, mais ainda, nascemos com poucos anos de diferença e vivemos a nossa idade primaveril em bairros vizinhos, porque nasci na Rua Javaés, nº 182, Vila Assunção, Santo André-SP!
Será que você:
- Conheceu meus adorados irmão e irmãs mais velhos?!...
- Foi passageiro do táxi do meu saudoso e amado pai, que provia a numerosa prole com seu ofício, no Ponto de Táxi do Cine Carlos Gomes que, depois, mudou-se para a Rua Senador Fláquer, telefone: 44-31-06 (será que se eu discar digo teclar este prefixo, ele atende?!...)?!
- Embarcou muitas vezes naquele coletivo, tipo jardineira, que ia até o Bairro Paraíso?!...
- Frequentou aquele cinema que existia no Bairro Paraíso?!...
- Ia nos bailinhos do Clube Aramaçã?!...
- Flanava na Rua Coronel Oliveira Lima e tirava linha com as moçoilas que usavam penteado tipo gatinho?!...
- Tinha rivalidade com os moradores do lado de lá da linha férrea?!...
- Entrava sorrateiramente, apreensivo com os cachorros, na chácara dos japoneses, que depois tornou-se o Parque Central?!...
Que deleite inefável seria tê-lo conhecido em carne e osso!!!...
Marqueiz, para escrever esta “Epístola Pauliana” precisei desligar meu telefone portátil, porque senão a minha amiga, a mexeriqueira da Dona Miquelina, o deixaria rubro com suas perguntas inconvenientes!!! Você acredita que, outro dia, ela me assegurou que tiraria o “cavalinho da chuva” para saber detalhes de suas aventuras amorosas?!!!....
Folguedos à parte, creio que, no espaço do Olimpo dedicado àqueles que foram íntimos da cultura e da informação qualificada, você encontrou companhia aprazível ao lado de outros jornalistas, escritores e poetas que tanto encantaram o nosso mundo e o desvendaram para nós, mercê de sua inteligência, talento, perspicácia e sensibilidade. Imagino e vislumbro Marqueiz muito à vontade, conversando com Cecília Meirelles, Mário de Andrade, Paulo Francis, Machado de Assis, Oscar Wilde, Gustave Flaubert, João Simões Lopes Neto, Augusto dos Anjos, Cora Coralina, Guilherme de Almeida, Líbero Badaró, Nelson Rodrigues, Plínio Marcos, Assis Chateaubriand, Samuel Wainer, Adoniran Barbosa, Isadora Ducan, Leila Diniz, Vinícius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Eça de Queiroz, José Saramago...
Caro Marqueiz, sei que no decorrer de “Memória Terminal” poderei conhecê-lo melhor e admirá-lo mais pela coragem de abrir o coração ao mundo, expondo sua dor frente as vicissitudes da existência!!! Sua sensibilidade produziu uma fieira de pérolas de inigualável valor que agora repartimos e apreciamos!!!
Caloroso abraço! Saudações nostálgicas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
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*João Paulo de Oliveira, 57, pertence a uma das mais antigas famílias do Grande ABC, com raízes na Freguesia de São Bernardo. Andreense de nascimento, é professor e leciona na Escola Municipal Anita Catarina Malfatti, em Diadema, na Região do ABC Paulista. Ocupa também o cargo de Coordenador Pedagógico na EMEF Dr. Habib Carlos Kyrillos, na Prefeitura de São Paulo. Além de Pedagogo é Mestre em Educação. Especializa-se no estudo da árvore genealógica familiar. Amigo e colaborador do blog, João Paulo escreve, mais uma vez, uma crônica inédita neste espaço. Visite seu imperdível espaço cibernético: Celulóide Secreto, Outro Viés em http://joaopauloinquiridor.blogspot.com/ Contatos com o articulista pelo e-mail: joaopauloinquiridor@ig.com.br
CELULOIDE SECRETO, OUTROS VIESES! Este vagão do Expresso do Oriente, sob o comando do Prof Ms João Paulo de Oliveira, um insulso ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, tem como escopo versar sobre existencialismo, cultura e memória, alicerçado no viés da filósofa Hannah Arendt: "As ideias se estilhaçam frente à realidade". Como é aterrorizante ter ciência da dura realidade de viver sob a égide do "Mito das Cavernas"...
O Todesca está na janela apreciando a paisagem...
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