Caros(as) confrades!
Ontem, tive a gratíssima satisfação de "devorar" o livro "Crenças e Desavenças", que não consegui largar enquanto não terminei a instigante leitura!!!!...
A brilhante pena do autor, João Batista Gregório, fisga o leitor de tal modo, deixando-o encantado!!!... Ao final de cada crônica somos brindados com uma receita, que certamente deixaria a Babette morta de inveja!!!!...
Tem uma crônica "A Lurdinha", que fiquei convencido que a personagem Lurdinha é assecla ardorosa da Ordem das Filhas de Maria sem calcinhas!!!!!... Folguedos a parte, difícil dizer qual a melhor crônica, porque todas são imperdíveis!!!!... Não parava de rir ao ler o final da crônica "A comadre Luzia Mineira"
Infelizmente não consegui postar imagens...
A seguir transcrevo a resenha do livro e os dois primeiros capítulos, tendo como fonte a Editora Baraúna!!!!... Não deixem de ler!!!!...
Crenças e Desavenças
João Batista Gregório R$ 24.50
Obra despretensiosa, alegre e irreverente sobre o dia a dia de personagens comuns. Crônicas sobre seres humanos incógnitos e ao mesmo tempo pulsantes de vida, anseios, crenças e desavenças, sentimentos, estes, universais... Trocam-se os cenários, mudam-se as identidades, mas todas as situações aqui apresentadas são reais e poderiam ter acontecido com qualquer pessoa, por mais humilde ou notória que sejam. Certos relatos ou acontecimentos podem aparecer como absurdos aos olhos de algum leitor mais crítico. Entretanto, como comprova o autor, após longa convivência com pessoas, tudo é possível, em se tratando de seres humanos... Relata-nos, com humor sutil e direto, passagens de sua vida e de muitos outros personagens com os quais, de alguma forma, teve a sorte ou o azar de cruzar-se pelos meandros de sua vida profissional ou social. Habilmente, transforma pequenas tragédias e dramas do cotidiano em “causos” interessantes e, quase sempre, cômicos. Em todas as tramas, brinda os leitores com desfechos inesperados e, de quebra, ainda apresenta pequenas receitas de culinária simples e saborosa como seus relatos.
Crenças e Desavenças
João Batista Gregório
Copyright © 2009 by Editora Baraúna SE Ltda
Capa e Projeto Gráfico
Alline Benitez
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
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C869.5
Gregório, João Batista
Crenças e Desavenças / João Batista Gregório. - São Paulo : Baraúna, 2009.
ISBN 978-85-7923-075-2
1. Literatura Brasileira. 2. Contos. 3. Cronicas. I. Título.
11-5328.
CDU: 869.5
09.11.09 12.11.09 015367
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Impresso no Brasil
Printed in Brazil
DIREITOS CEDIDOS PARA ESTA EDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA
www.EditoraBarauna.com.br
Rua João Cachoeira, 632, cj.11
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Tel.: 11 3167.4261
www.editorabarauna.com.br
“Dedico esta obra a meus filhos e netos.”
Sumário
A MORTE DE GILDA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
AS COMADRES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
A LUZIA “BALAIO”. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
A OFÉLIA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
A COMADRE LUZIA MINEIRA . . . . . . . . . . . . . . 25
IRENE E AS MÃOS DO MORTO . . . . . . . . . . . . . 29
SOMBRAS DA MORTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
O ZECA “LAVANCA” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
A TIÚCA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
A LURDINHA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
D. THOMAZ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
O PASTOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
A ELZA CAMACHO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
O SÍLVIO LUIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
O SACO DO PADRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
A DRA. ENEIDA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
O DR. BRÁULIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
O Doctor Steeve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
O DR. LUCCA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
A DRA. VIRGÍNIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
O DR. OLAVO DANTAS BARAÚNAS. . . . . . . . . . 89
O OVÍDIO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
A GLORINHA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
O CIRO NEY. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
O FRANCISCO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
A NAJLA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
A LUBIANA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
A (O) YASMIN . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
A RAINHA DO CONGO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
A 1ª DAMA E O MENDIGO . . . . . . . . . . . . . . . . 125
O “SEU” PEDRO FARINHEIRO - I. . . . . . . . . . . 129
O “SEU” PEDRO FARINHEIRO - II . . . . . . . . . . 133
O “SEU” GUERINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137
O “SEU” AVELINO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
O ADOLPHO POLACO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145
E LA NAVE VA... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
TRÊS MULHERES DE MINHA INFÂNCIA . . . . 153
CAFÉ DE BUGRE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157
A TIA MARINA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161
“’CHÉIRO ÓBSCENO NO AIRE”. . . . . . . . . . . . 165
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A MORTE DE GILDA
A Gilda morreu por volta das 3 horas da manhã de
um domingo. Havia dançado a noite inteira no forró da
velha guarda e, a pé, subiu o morro do São Lázaro até
chegar a sua casa. Não teve tempo nem de remover a pesada
maquilagem ou de tirar o vestido de soirée.
A Zilda, por sua vez, morreu por volta das 7:30 da
manhã daquele mesmo domingo. Havia rezado bastante
na missa das seis e, a pé, subiu o morro do Perpétuo Socorro
até chegar a sua casa. Não teve tempo nem de lavar a
louça do café ou de tirar o discreto vestido de “ver Deus”.
Gilda casou-se muito jovem, levada pelo “furor uterino”
que sempre a acompanhou, desde a menarca (lembram-
se dessa palavra?). Após o nascimento de seu quarto
filho, o marido faleceu, eletrocutado em cima de um poste,
pois que trabalhava na “Cia. de Força e Luz”. Nunca
mais arrumou outro marido, mas teve vários amantes até
a sua morte, aos 82 anos.
O último deles, o Dodô Goiaba (vendia goiabas na rua,
com um carrinho de pedreiro) era um pouco mais novo e
alcoólatra, batia nela e ainda torrava toda a pensão que a
mulher recebia do finado marido. Os filhos viviam brigando
com a mãe e a enxotar o velho safado da casa deles.
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Tanto fizeram que Gilda largou tudo e foi morar
com o amante numa casinha de dois cômodos.”Faço de
tudo mas não vivo sem homem”, dizia ela.
A Zilda, por sua vez, demorou muito para se casar.
Seu desejo era ser freira, porém, lá pelos 25 anos, cedeu
à insistência de seu Jacinto, viúvo com três filhas e dono
de um pequeno açougue. Tiveram mais quatro filhas e
ela deu um duro danado na vida para criar as 7 meninas,
cuidar da casa e ainda ajudar o marido no açougue. Pior
ficou quando “seu” Jacinto morreu ao levar uma chifrada
de boi que lhe furou o pâncreas. A mulher resolveu tocar
o açougue sozinha e assim, levantando todo dia às três da
matina, destrinchando bois, enchendo linguiças e fazendo
torresmos conseguiu criar as filhas até o ponto em que
elas conseguiram ajudá-la também.
Bom, mas as duas senhoras morreram no mesmo dia
e foram vizinhas de velório.
Na sala onde estava o esquife de Gilda, tudo era gritaria
ou choro exagerado. Só se ouviam imprecações contra Deus
e discussões entre os 4 filhos e netos, os quais quase derrubaram
o caixão em demonstrações exageradas de desespero.
Na sala onde estava o esquife de Zilda, tudo era silêncio
e respeito. Apenas se ouvia de vez em quando um murmurejar
de orações, um suspiro ou choro calmo de alguma
das 7 filhas e netos, os quais não desgrudaram do caixão.
De repente, irrompe na sala de Zilda o velho Dodô
Goiaba, tão bêbado que nem percebeu que entrara no
velório errado. Abraçou o caixão de Zilda e desandou a
gritar: “Gilda, meu amor! O que aconteceu com você,
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minha velha?! Ainda ontem nós dançamos pra burro e
agora tá aí, branca como um bicho de pau-podre!” As
filhas da santa defunta ficaram pasmas, quase que sem
ação. A mais velha recuperou-se mais rapidamente e disse,
de uma forma educada, ao bebum: “Meu senhor, essa
defunta é a Zilda, minha mãe. O velório da Dona Gilda
é na sala ao lado.”
O velho, num olhar estrábico-etílico contestou, babando:
“Como não é a Gilda? Se fui amigado dela por
cinco anos não vou reconhecer?! É ela sim; só falta o batom
de puta. Passa batom nela prá ver se melhora essa cara de
coruja.” A platéia ficou silente (gosto desta palavra) até que
um dos parentes conseguiu colocar o Dodô prá fora.
Entrou na outra sala e recomeçou: “Ahá, te achei,
sem vergonha! Queria ser enterrada sem me ver, né?” E
deu corda à falsa cantilena de desespero até que um dos
filhos da Gilda deu um sopapo no homem, vociferando:
“O que você veio fazer aqui, seu safado? Já não chega o
tanto que explorou minha mãe?!”
O velho pensou um pouco e arrematou: “Olha
aqui... eu não gostava dela mesmo e vocês vão todos a
merda! E... ó, vejam se enterram logo essa velha nojenta
que ela morreu sem tomar banho!.” Deu as costas e saiu
cambetiando, não sem antes levar um pontapé na bunda.
Já que falei em goiabas, segue a receita de:
Goiabada com Casca - 3 Kg de goiabas vermelhas
e maduras; 1 litro de água; 1 e 1/2 Kg de açúcar cristal;
alguns cravos-da-Índia. Lave e retire os pontinhos pretos
das goiabas. Corte-as ao meio e retire todas as sementes
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(bata as sementes no liquidificador com um pouco de
água, passe-as na peneira até separar toda a polpa e reserve).
Coloque as goiabas para cozinhar na água com alguns
cravos-da-Índia por mais ou menos 1 hora e depois
acrescente o açúcar e a massa peneirada, sem as sementes.
Mexer sempre até dar o ponto de seu agrado (para comer
às colheradas ou para cortar).
Obs: - Se preferir fazer geleia com a massa obtida das
sementes, acrescente açúcar e cozinhe à parte.
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AS COMADRES
As comadres, Gilda e Laura (minha tia), eram íntimas
amigas e vizinhas de muitos anos. Eram tão amigas
que quando foi inaugurada a segunda etapa do cemitério
local, resolveram comprar túmulos vizinhos. Três: um
para a Gilda, outro para a Tia Laura e o terceiro para
o Tio Joaquim. Mandaram construir uma espécie de altarzinho
(com nichos para as fotos) nas cabeceiras dos
túmulos, encimado por uma cruz.
Mas, como não há mal que sempre dure e nem bem
que não se acabe, certo dia essa forte amizade acabou-se e
de forma trágica. Surgiu, não me lembro como, na casa
de meus tios, um novo morador chamado de Toniquinho.
Parece-me que era um conhecido antigo que ficou
sozinho na vida e sem ter onde morar, foi acolhido pelo
meu tio e adotado pela família. Era muito educado, fino
mesmo e nem tão velho assim...
Para compensar a boa acolhida, ele fazia de tudo
na casa, inclusive ajudava minha tia, que era costureira,
a arrematar as roupas: cerzia os bolsos nas camisas,
pregava os botões e caseava (fazia aqueles buracos de
enfiar os botões). Tanta eficiência acabou por despertar
ciúmes na comadre Gilda que começou, maldosamente,
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a espalhar no bairro que sua comadre e o Toniquinho
eram amantes...
Tamanha “fofoca” girou rapidamente e logo chegou
aos ouvidos de minha tia. Pra quê!! De repente, aquela
santa mulher virou um serial Killer e armada de uma
enorme foice, foi tirar satisfações com a vizinha. Gilda estava
na janela, aliás, ao que parecia, ela nunca tinha nada
para fazer pois, se não estava na casa dos outros, ficava de
braços cruzados na janela.
Minha tia, da calçada, riscava o corte da foice no
cimento até soltar faíscas e chamava a outra para fora:
“Vem cá, sua vaca, eu vou cortar tua língua! Saia aqui
fora, se for mulher.” A Gilda, de lá, respondia: “Vaca és
tu... Vaca de dois touros!”
Tia Laura azulou... Pulou o muro, disposta à carnificina.
A mulher fechou a janela, apressadamente, mas
minha tia conseguiu estraçalhar a madeira com a foice.
Enquanto tentava pular a janela, meu tio e mais
alguns vizinhos tentaram segurá-la, mas ficaram com
as saias nas mãos. Tia Laura entrou, e lá de dentro só
se ouviam gritos desesperados. Quando conseguiram
conter minha tia, encontraram a Gilda esparramada no
chão, deitando sangue pelo rosto. Fora atingida com o
cabo da foice, num golpe tão forte que lhe abriu um
“rombo” na testa.
Chamaram a perua do SAMDU (ambulância da
época) e levaram a Gilda que voltou mais tarde, com vários
pontos e um curativo enorme na testa. As duas nunca
mais se falaram.
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Morreu minha tia, morreu o Toniquinho e alguns
anos mais tarde, foi-se também o meu tio Joaquim. A
Gilda sobreviveu, ainda, por mais de trinta anos e morreu
daquela maneira que eu relatei na crônica anterior.
Fui ao seu enterro e o que me chamou a atenção, além
do episódio do velório, foi o fato de que seu túmulo fora
transformado: O altarzinho saiu da cabeceira do túmulo
e foi reconstruído nos pés, de costas para as fotos de seus
antigos desafetos.
Como receita de hoje, em homenagem às sopas que
minha tia fazia para “seus velhos”, vou passar a:
Sopa-Creme de Abóbora : 2 kg de abóbora madura
e picada; 2 cubos de caldo de galinha; 1 peito de
frango; 2 colheres (sopa) de margarina; 1 cebola picada;
1 lata de creme de leite (sem o soro) e folhas de couve
rasgadas. Cozinhe o peito de frango em 1 litro de água
e 2 tabletes de caldo de galinha. Desfie, grosseiramente,
e reserve. Na água do caldo, cozinhe os pedaços de abóbora
(10 minutos na panela de pressão). Bata a abóbora
no liquidificador, com um pouco do caldo e volte ao
fogo. À parte, refogue o frango desfiado com 2 colheres
(sopa) de margarina e a cebola batidinha. Junte o refogado
de frango ao caldo de abóbora. Rasgue algumas
folhas de couve e misture na sopa. Acrescente mais sal,
se necessário e quando a couve estiver cozida, acrescente
o creme de leite. Misture levemente e sirva com torradas
ou queijo ralado. É divina!!!
Ôi professor...
ResponderExcluirComo é que eu faço pra conseguir esse livro??
Está em todas as livrarias??
Fiquie curiosa, pois adoro contos e esse pelo jeito, é bem digestivel e gostoso. Com receitas de dar agua na boca..
bjossss
Cara confrade e amiga Cristina Fonseca:
ResponderExcluirEntre em contato com o escritor, João Batista Gregório, através do endereço eletrônico:
jbgregor@uol.com.br
que ele informará como proceder para depositar o dinheiro na conta dele e a seguir ele envia o exemplar para sua residência. Ou então entre no site da Editora Baraúna, porque o livro também é vendido através do meio cibernético. A vantagem de comprar diretamente do autor é que o exemplar vem autografado. Realmente não deixe de ler, porque é uma leitura imperdível!!!!...
Caloroso abraço!!!... Saudações Tierneyanas!!!...
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP