Caros(as) confrades!
Ocupei o cargo de escriturário, lotado no Departamento Estadual de Ordem Política e Social - DEOPS, desempenhando as funções atinentes ao cargo ocupado na Delegacia de Estrangeiros e Passaportes, que ficava no Parque D. Pedro, de 1976 a 1980... Trabalhava na Seção de Protocolo, onde recebia pedidos de permanência definitiva no país, naturalização, que depois de circunstancialmente analisados na seção pertinente, eram encaminhados ao Ministério da Justiça em Brasília-DF para os devidos fins. Houve uma época, que não sei precisar com exatidão o período, que para viajarmos ao exterior tínhamos que pagar uma taxa de CR$12.000,00, depois de recolhida a referida taxa o pedido dava entrada também na seção de protocolo. Isto posto, fica patente que minhas atribuições naquele Órgão Público, então vinculado ao Governo do Estado de São Paulo eram meramente burocráticas, apesar do cunho de controle policial existente no local que trabalhava não me envolvia em questões que não fossem as burocráticas... Eventualmente tinha que ir a Seção de Pessoal, que ficava no DEOPS, no Largo General Osório. Numa destas idas tomei o elevador, no térreo, com destino ao 3º andar (o prédio tem quatro andares mais o subsolo). Ao entrar no elevador me deparei com o delegado, Dr. Sérgio Paranhos Fleury, que vinha do subsolo... Claro que naquela época este delegado já tinha a fama de liderar o "esquadrão da morte" e comandar as torturas ocorridas na carceragem, que ficava no subsolo (local que somente conheci depois que aquele então Órgão Público tornou-se mais um espaço da Pinacoteca)... Quando vi aquele homenzarrão na minha frente, gelei... Ele não disse uma palavra também inibindo minha iniciativa em cumprimentá-lo, apenas mirou-me de baixo para cima com olhar glacial e maléfico... Aquele exíguo período de tempo no elevador pareceu-me uma eternidade... Por pouco não tive incontinência urinária... Quando desci no elevador ele continuou até o 4º andar. Ao descer do elevador me dei conta que estava com a garganta seca e tremedeira... Quando cheguei a Seção de Pessoal, a então gentil chefe Maria Apparecida Montibeller (será que ainda está entre nós?!...) perguntou-me: - Nossa, você está tão pálido, está se sentindo bem? Claro que não relatei o motivo da palidez, que deixou-me apavorado. Com o passar o tempo comecei a me sentir incomodado, porque quando dizia que trabalhava no DEOPS, as pessoas ficavam lívidas e muitas se afastavam... Na época, minha mulher também sofria constrangimentos nas escolas que trabalhava, porque suas parceiras de regência, diziam: - Tome cuidado com que fala perto dela, porque o marido dela trabalha no DEOPS e certamente ela também é espiã do DEOPS... Enfim, a mídia sempre foca torturados/torturadores, esquecendo-se daqueles anônimos cidadãos, como este agora reles escrevinhador outonal, que embora trabalhassem num Órgão Público repressor, não tinham acesso aos porões da Ditadura... Um fato auspicioso aconteceu neste período trabalhado na Delegacia de Estrangeiros e Passaportes!!!!!... Conheci minha saudosa amiga Irene Soffner, R.G. 1.812.553/SSP/SP (20/12/1922/01/11/1998), que trabalhava comigo!!!... Quem quiser saber mais sobre esta nossa bela amizade, pesquise neste vagão do Expresso Oriente, no dia 04/08/2009, com o título "Missiva póstuma para minha querida e saudosa amiga Irene Soffner!!!!...", porque neste dia falei circunstancialmente sobre ela, que foi assassinada brutalmente a golpes de picareta...
Fico a divagar se os então torturados tivessem efetivamente tomado o poder, já naquela época, como seria nosso modo de vida na contemporaneidade?!...
Algumas pessoas das minhas relações dizem que devo omitir este período da minha vida funcional, o que não concordo, porque além de ter deixado marcas indeléveis na minha insulsa existência este período foi um fato.
Max!!!!!!!... Traga meus sais centuplicado!!!!... Onde está a lambisgóia da Agrado?!...
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