CELULOIDE SECRETO, OUTROS VIESES! Este vagão do Expresso do Oriente, sob o comando do Prof Ms João Paulo de Oliveira, um insulso ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, tem como escopo versar sobre existencialismo, cultura e memória, alicerçado no viés da filósofa Hannah Arendt: "As ideias se estilhaçam frente à realidade". Como é aterrorizante ter ciência da dura realidade de viver sob a égide do "Mito das Cavernas"...
O Todesca está na janela apreciando a paisagem...
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Crônica do Professor Pasquale Cipro Neto
PASQUALE CIPRO NETO
"Notícias de Portugal
É, caro Coutinho, navegar é preciso, naufragar não é preciso, mas parece que a tripulação da nau lusófona...
Na semana passada, em Lisboa, constatei, mais uma vez, que a maior parte dos portugueses ainda dá de ombros para o "(Des)Acordo Ortográfico". Como se sabe, entre nós 2012 é o último ano de "acomodação", ou seja, do período em que valem as duas grafias, a "velha" e a "nova" (o decreto 6.583, de 29.set.2008, deixa claro isso).
A observação que fiz no fim do parágrafo anterior se deve ao fato de que parte da nossa imprensa afirma, erroneamente, que a transição já acabou. Não acabou. Até o último segundo do ano em curso, pode-se escrever "tranqüilo" ou "tranquilo", "auto-regulamentação" ou "autorregulamentação", "pára" (forma verbal) ou a inacreditável "para".
Lá vai o que diz o texto legal: " A implementação do Acordo obedecerá ao período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, durante o qual coexistirão a norma ortográfica atualmente em vigor e a nova norma estabelecida".
Mas voltemos a Portugal. Como bem disse nosso companheiro João Pereira Coutinho ("Naufragar É Preciso?", Ilustrada, 10.jan.2012), a barafunda ortográfica parece imperar na terra de Camões e Pessoa.
Peço licença a Coutinho para transcrever este trecho de seu artigo: "Em Portugal é outra história. E não deixa de ser hilariante a quantidade de articulistas que, no final dos seus textos, fazem uma declaração de princípios: 'Por decisão do autor, o texto está escrito de acordo com a antiga ortografia'. A esquizofrenia é total, e os jornais são hoje mantas de retalhos. Há notícias, entrevistas ou reportagens escritas de acordo com as novas regras. As crônicas e os textos de opinião, na sua maioria, seguem as regras antigas. E depois existem zonas cinzentas, onde já ninguém sabe como escrever e mistura tudo: a nova ortografia com a velha e até, em certos casos, uma ortografia imaginária".
Como exemplo do que diz Coutinho, cito o site da revista semanal portuguesa "Visão", em que há uma seção chamada "Actualidades" (note o "c"). O detalhe é que, no corpo da seção, a revista usa a grafia "nova", ou seja, escreve "atual", "atualidades" etc. A também lusitana "Sábado" parece ignorar por completo o "(Des)Acordo Ortográfico". Nas ruas de Lisboa e do Porto, nada de nada de nenhum sinal da "adopção" das normas do "(Des)Acordo". Anúncios publicitários, cartazes, panfletos, placas públicas etc. ignoram a lambança. O que vale mesmo é a velha grafia lusitana.
Enquanto isso, na TV, num boletim de dois ou três minutos, que conta com o apoio da importante Porto Editora, uma repórter vai às ruas e pergunta ao povo como se escrevem determinadas palavras. Num dos boletins, perguntava-se se "massagem" se escreve "com 'jota' ou com 'guê'". Sim, com "guê" (e não com "gê"), como diz a antológica canção "ABC do Sertão" (Luís Gonzaga e Zé Dantas). Sim, caro leitor, em algumas regiões do Brasil e em Portugal, o "g" pode ser "gê" ou "guê".
Ao dar a resposta, a repórter afirmou que "massagem" se escreve com "guê", mas... Mas disse que "massajem" (com "j") é do verbo "massajar". Lambança! A pergunta foi feita sem contextualização da palavra, portanto não faz sentido dar como correta a forma "massagem", se existem as duas... Bem, as duas existem em Portugal. No Brasil, os dicionários e o "Vocabulário Ortográfico" não registram "massajar" (registram o que se usa entre nós, ou seja, "massagear"; os dicionários portugueses registram as duas).
É, caro Coutinho, navegar é preciso, naufragar não é preciso. Só falta os passageiros e os tripulantes da nau lusófona saberem disso. É isso."
Caros(as) confrades!
Sou assinante do periódico "Folha de São Paulo"... Ontem tive a grata satisfação de me deparar com o imperdível artigo do nosso estimado Professor Pasquale Cipro Neto, que desvela sem titubear como os habitantes dos reino distante além-mar ignoram o Acordo Ortográfico, que no ano em curso está em transição. Não deixem de ler.
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Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo,
ResponderExcluirEm Macau podia ver a RTPi e confirmo o que escreveu o digno Prof. Pasquale Cipro Neto.
Não só, muitos portugueses desconhecem ou não aceitam o novo acordo ortografico, mas mesmo o português, muitos termos os não sabem.
Em Macau, muitos portugueses lá residentes também não aceitam o novo acordo, enfim, maneiras de pensar.
Durante alguns séculos a escrita portuguesa sofreu alterações, esta é mais uma, e se a língua portuguesa continua a ser falada por mais de 200 milhões de pessoas, podemos agradecer ao país irmão Brasil, caso contrário, a língua de Camões ficaria simplesmente falada no ex-jardim à beira mar plantado.
Eu falo por experiência própria não vi ainda em Macau, na única livraria portuguesa, um livro sobre o novo acordo ortográfico, eu o aceito, mas como estou bem longe daquele recanto europeu, vou aprendendo aos poucos, convosco, e corrigindo a escrita sempre que possa.
Abraço amigo
Caro Prof.
ResponderExcluirPara quem como eu não se sente refém profissional do tipo de ortografia e das novas regras é reconfortante saber que pelo menos até ao fim deste ano não terei que ter qualquer tipo de preocupações nesse campo !
O facto é que vou misturando as coisas ao correr da escrita sem ter que parar para pensa se é "assim ou sopas" :))
Evidentemente que para quem tem "responsabilidades de ensino" as coisas já não p+oderão ser vistas com tanta leviandade !
Grande abraço
O recém-empossado presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Vasco Graça Moura, fez distribuir ontem à tarde uma circular interna, na qual dá instruções aos serviços do CCB para não aplicarem o Acordo Ortográfico (AO) e para que os conversores - ferramenta informática que adapta os textos ao AO - sejam desinstalados de todos os computadores da instituição.
ResponderExcluirArtigo publicado hoje, dia 3 de fevereiro, no jornal Publico, como poderá ver, existem resistencias fortes em Portugal e são quem deviam dar o exemplo e cumprir a lei....
Abraço amigo
Estimado confrade e amigo António Cambeta!
ResponderExcluirLamento saber que seus conterrâneos resistem em se adaptar as novas normas ortográficas.
Caloroso abraço! Saudações adaptadas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Caro confrade Rui da Bica!
ResponderExcluirReconheço que é difícil nos acostumarmos as novas normas ortográficas, mas precisamos ter pertinácia!!!
Caloroso abraço! Saudações ortográficas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
MACAU BANGKOK O MAR DO POETA deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Crônica do Professor Pasquale Cipro Neto":
ResponderExcluirO recém-empossado presidente do Centro Cultural de Belém (CCB), Vasco Graça Moura, fez distribuir ontem à tarde uma circular interna, na qual dá instruções aos serviços do CCB para não aplicarem o Acordo Ortográfico (AO) e para que os conversores - ferramenta informática que adapta os textos ao AO - sejam desinstalados de todos os computadores da instituição.
Artigo publicado hoje, dia 3 de fevereiro, no jornal Publico, como poderá ver, existem resistencias fortes em Portugal e são quem deviam dar o exemplo e cumprir a lei....
Abraço amigo
Estimado confrade e amigo António Cambeta!
ResponderExcluirA questão é que todos os países que falam a língua de Camões assinaram o acordo com as novas normas ortográficas...
Caloroso abraço! Saudações resistentes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Caro Prof.
ResponderExcluirCostumo dizer que "o que tem que ser tem muita força". Por isso já me estou a acostumar a escrever conforme o novo acordo ortográfico.
Publiquei lá no meu "canto" um enigma que lhe é especialmente dedicado.
Espero e desejo que não fique desta vez a comer pipocas na plateia, mas que "salte" imediatamente para o palco.
Um abração, como dizem aí no Brasil.
Estimada confrade e amiga Ju/Sonhadora!
ResponderExcluirParabenizo-a por estar a tentar a se acostumar com o novo acordo ortográfico!!! No ano de 1971, quando tinha 18 anos, tive que me acostumar uma pequena reforma ortográfica ocorrida entre nós. Até hoje quando escrevo as palavras: agosto, planeta, ele, penso em colocar o acento circunflexo...
Muitíssimo obrigado pelo enigma que está em foco no seu blog!!! A famosíssima Maria merece este tributo no mês do seu natalício!!!!
Caloroso abraço! Saudações paulistas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP