CAros(as) confrades!
A crônica, de minha autoria, a seguir transcrita foi publicada ontem no espaço cibernético do chefe Edward:
artigosedwardsouza.blogspot.com
Convém salientar que esta crônica passou pelas hábeis mãos da renomada jornalista Nívia Andres, que fez o copidesque e escolheu a argutíssima ilustração!!!...
A PÁSCOA NO VIÉS DE UM REGENTE INCRÉDULO
Apesar da minha atual incredulidade, não posso negar a fortíssima influência que a Igreja Católica Apostólica Romana teve e ainda tem na minha insulsa existência. Isto posto, na semana finda, titubeei, a princípio, quando o meu amado regido Lucas perguntou:
- Professor, o que é a Páscoa?
Em sucintas palavras, respondi:
- Lucas, para os cristãos a Páscoa é uma data festiva, porque comemora a ressurreição de Cristo. Expliquei ainda que os judeus também festejam a Páscoa, quase sempre em datas diferentes, entretanto, para eles a Páscoa é celebrada para lembrar a fuga dos hebreus do Egito... Também disse que na Páscoa costumamos oferecer e receber ovos de chocolate, porque o ovo representa uma nova vida...
Neste ínterim comecei a divagar sobremaneira... De repente estava num mundo novo onde tínhamos políticos probos, que inclusive colocavam, sem titubear, seus filhos e tutelados em escolas públicas, de preferência da periferia para que estes tornassem patente um dos pilares da educação que é aprender a conviver...
Neste mundo novo:
- as portas das nossas moradas ficariam destrancadas e nossos filhos e netos iriam para a catequese sem se preocupar com padres pedófilos...
- também teríamos o refrigério de saber que políticos da laia do Paulo Salim Maluf, Delúbio Soares, José Dirceu e seus asseclas estariam numa penitenciária de segurança máxima!
- seria inimaginável uma primeira dama ser “paisagem”, além é claro termos um Mandatário Maior do Poder Executivo no âmbito federal sem saber o que é estibordo e bombordo, bem como onde é a proa e a popa...
- os palestinos e judeus deixariam de lado seus viéses antagônicos e inclusive formariam numerosa prole... (Max, socorro, me acuda, porque ouço os rugidos do leões da Metro e da mulher da Colúmbia com a tocha...)
- as pessoas ao saírem do armário, porque não conseguiram reprimir o desejo de fornicar com pessoas do mesmo sexo, seriam aceitas com naturalidade pelas pessoas ditas “normais” e viveriam cônscias que seus direitos constitucionais seriam garantidos e jamais questionados pelas famílias dos(as) seus(uas) companheiros(as) falecidos(as)...
- todos os seres viventes da espécie Homo Sapiens teriam acesso ao sistema de saúde público, que seria referência em reinos distantes além-mar...
- todas as crianças, mesmo das classes populares, teriam pais ou responsáveis em plena sintonia com a escola....
- a inveja, a luxúria, a maledicência, o melindre, o ódio, o rancor, não teriam como influenciar a vidas das pessoas, porque elas viveriam fraternalmente...
- a remuneração máxima e mínima dos cidadãos seria decuplicada...
- as substâncias ilícitas não existiriam...
- o Aquífero Guarani seria preservado com ardor...
- o consumismo exacerbado seria considerado doença mental...
- haveria filas quilométricas de cidadãos sôfregos para levarem seus filhos em cinemas, teatros, museus...
- seria inimaginável se os pequeninos completassem oito anos e ainda não estivessem alfabetizados...
- estariam banidos da vida pública definitivamente os gerenciadores do erário público que ousassem pensar em falcatruas...
- as pessoas poderiam fornicar a vontade sem se preocupar em usar preservativos, porque as doenças venéreas digo, sexualmente transmissíveis, deixariam de existir devido a uma vacina (ulalaaaaaaaaaaá!!!!..)...
- todos os seres viventes racionais estariam preocupados com seu aprimoramento...
- todas as doenças teriam cura...
- viveríamos vigorosos até os 120 anos e deixaríamos de existir quando estivéssemos dormindo...
nossos proventos, depois de aposentados, nos permitiriam fazer ao menos uma viagem por ano a reinos distantes além-mar...
- os presídios só existiriam para maus gerenciadores do erário público...
- as malditas seitas que se enriquecem com a credulidade das pessoas não existiriam, porque estas pessoas finalmente conseguiram perceber que os gerenciadores destas seitas eram lavadores de dinheiro e usavam o nome de Deus em vão...
- finalmente vieram à luz os nomes dos assassinos dos pavorosos crimes do Castelinho e do restaurante Chinês, que deixaram em estado de comoção os paulistanos da década de 30...
Neste ínterim saio do meu devaneio de supetão, porque ouço um alarido exacerbado e alguns regidos dizendo em voz alta:
- Professor, professor! A Tainá saiu do lugar dela e tentou pegar, sem autorização, um lápis de cor do Vinícius! Como ele não quis entregar, ela arranhou o braço dele e, não satisfeita, disse ainda que a mãe dele é uma galinha...
Por Dionísio, minha Páscoa terminou...
Valham-me Célestin Freneit, Vygostisky, Anísio Texeira e Paulo Freire!
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*João Paulo de Oliveira, 56, pertence a uma das mais antigas famílias do Grande ABC, com raízes na Freguesia de São Bernardo. Andreense de nascimento, é professor e leciona na Escola Municipal Anita Catarina Malfatti, em Diadema, na Região do ABC Paulista. Ocupa também o cargo de Coordenador Pedagógico na EMEF Dr. Habib Carlos Kyrillos, na Prefeitura de São Paulo. Além de Pedagogo é Mestre em Educação. Especializa-se no estudo da árvore genealógica familiar. Nas horas de lazer, quando sua mansão no litoral não é invadida por ladrões, busca refúgio nas belas praias do Guarujá. Amigo e colaborador do blog, João Paulo escreve, mais uma vez, uma crônica neste espaço. Visite seu blog, Celulóide Secreto, em http://joaopauloinquiridor.blogspot.com Contatos com o articulista pelo e-mail joaopauloinquiridor@ig.com.br
CELULOIDE SECRETO, OUTROS VIESES! Este vagão do Expresso do Oriente, sob o comando do Prof Ms João Paulo de Oliveira, um insulso ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, tem como escopo versar sobre existencialismo, cultura e memória, alicerçado no viés da filósofa Hannah Arendt: "As ideias se estilhaçam frente à realidade". Como é aterrorizante ter ciência da dura realidade de viver sob a égide do "Mito das Cavernas"...
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