CELULOIDE SECRETO, OUTROS VIESES! Este vagão do Expresso do Oriente, sob o comando do Prof Ms João Paulo de Oliveira, um insulso ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus, tem como escopo versar sobre existencialismo, cultura e memória, alicerçado no viés da filósofa Hannah Arendt: "As ideias se estilhaçam frente à realidade". Como é aterrorizante ter ciência da dura realidade de viver sob a égide do "Mito das Cavernas"...
O Todesca está na janela apreciando a paisagem...
sexta-feira, 23 de abril de 2010
O vestido de noiva que fez história!!!!...
Caros(as) confrades!
Meu amigo João Batista Gregório enviou-me uma correspondência eletrônica contendo a história emocionante que a seguir transcrevo:
O vestido de noiva que fez história
©Traduzido e adaptado por Jane Bichmacher de Glasman*
Lilly Friedman não recorda o sobrenome da mulher que desenhou e costurou o vestido de noiva que ela usou ao se casar há mais de 60 anos. Mas a avó de sete netos lembra quando ela contou a seu noivo Ludwig que sempre sonhara se casar num vestido branco. Para o rapaz de 21 anos, alto e magricela, que tinha sobrevivido à fome, doença e tortura, isto era um tipo diferente de desafio. Como ele ia achar algo assim no Campo de Deslocados de Guerra de Bergen Belsen?
Sem ter para onde ir, uma vez que não mais tinham onde viver e trabalhar, dezenas de milhares de sobreviventes da guerra, oriundos do leste da Europa, ficaram desabrigados, tendo que migrar para países que já haviam sido liberados pelos Aliados. Lá, foram abrigados em centros e campos de refúgio para deslocados pela guerra, gerenciados pelas Nações Unidas e pelos exércitos de ocupação, como o de Bergen-Belsen na Alemanha (ex-campo de concentração nazista).
O destino interviria na figura de um piloto alemão que entrou no centro de distribuição de alimento onde Ludwig trabalhava, querendo negociar seu pára-quedas sem valor. Em troca de duas libras de grãos de café e dois pacotes de cigarros, Lilly teria seu vestido de noiva.
Miriam, a costureira, trabalhou durante duas semanas sob os olhos curiosos de seus companheiros de Campo, cuidadosamente moldando os painéis do pára-quedas num vestido simples de mangas longas com colarinho enrolado e cintura justa, amarrado nas costas com um laço. Ao completar o vestido, costurou com o material restante uma camisa combinando para o noivo.
Um vestido branco de noiva pode parecer um pedido frívolo no ambiente surreal dos campos, mas para Lilly ele simbolizava a inocente vida normal que ela e a sua família levavam antes. Ela e seus irmãos foram criados num lar observante da Torá, no pequeno povoado de Zarica, Tchecoslováquia onde seu pai era um melamed (professor), respeitado e amado pelos jovens estudantes de ieshivá a quem ele ensinava numa cidade próxima.
Ele e seus dois filhos foram marcados para exterminação imediatamente ao chegar em Auschwitz. Para Lilly e suas irmãs foi a primeira parada em sua longa jornada de perseguição, que incluiu Plashof, Neustadt, Gross Rosen e finalmente Bergen Belsen.
Lilly Friedmane seu vestido de paraquedas em exposição no Museu de Bergen Belsen.
Quatrocentas pessoas caminharam 15 milhas na neve até o povoado de Celle, em 27 de janeiro de 1946, para assistir o casamento de Lilly e Ludwig. A sinagoga da cidade, danificada e profanada, tinha sido renovada pelos companheiros de Campo amorosamente com os míseros materiais disponíveis. Quando um Sêfer Torá chegou da Inglaterra, eles transformaram um gabinete velho de cozinha num Aron Kodesh provisório.
"Minhas irmãs e eu perdemos tudo - nossos pais, nossos irmãos, nossas casas. O mais importante era construir uma nova casa". Seis meses mais tarde, Ilona, irmã de Lilly, usou o vestido quando se casou com Max Traeger. Depois disso veio a prima Rosie. Quantas noivas usaram o vestido de Lilly? Ela parou de contar depois de 17. Com os campos experimentando o mais alto índice de casamento no mundo, o vestido de Lilly teve grande demanda.
Em 1948 quando o Presidente Harry Truman finalmente permitiu aos 100.000 judeus - que estavam abandonados em Campos de Deslocados desde o fim da guerra - emigrar, o vestido acompanhou Lilly através do oceano até a América. Incapaz de se desfazer do vestido, este ficou no fundo do armário de seu quarto pelos 50 anos seguintes, até ser levado ao Museu do Holocausto em Washington. Quando a sobrinha de Lily, uma voluntária, contou aos funcionários do museu sobre o vestido da tia, eles imediatamente reconheceram sua importância histórica e exibiram-no numa vitrina especialmente projetada, garantida para conservá-lo por 500 anos.
Mas o vestido de Lilly Friedman teve mais uma viagem a fazer. O museu de Bergen Belsen abriu suas portas no dia 28 de outubro de 2007. O governo alemão convidou Lilly e suas irmãs para a grande abertura. Elas inicialmente declinaram, mas finalmente viajaram a Hanover no ano seguinte com seus filhos, netos e famílias para ver a exibição extraordinária criada para o vestido de casamento feito de um pára-quedas.
A família de Lilly, familiarizada com as histórias sobre o casamento em Celle, estava ávida para visitar a sinagoga. Encontraram o edifício completamente renovado e modernizado. Mas quando puxaram de lado a bonita cortina, ficaram pasmos ao encontrar o Aron Kodesh feito de um gabinete de cozinha, que tinha permanecido intacto, como um testamento à profunda fé dos sobreviventes. Ao Lilly subir na bimah mais uma vez, chamou a sua neta, Jackie, para ficar ao seu lado, onde ela foi uma vez uma noiva. "Foi uma viagem emotiva. Choramos muito". Duas semanas mais tarde, a mulher que uma vez tinha tremido ante os olhos seletivos do infame Dr. Josef Mengele retornou para casa e testemunhou o casamento de sua neta.
As três irmãs Lax - Lilly, Ilona e Eva, que juntas sobreviveram a Auschwitz, um campo de trabalho forçado, uma marcha da morte e Bergen Belsen - permaneceram próximas e hoje vivem a curta distância uma da outra em Brooklyn. Jovens, elas conseguiram iludir e sobreviver a uma máquina de matança monstruosa; depois casaram, tiveram filhos, netos e bisnetos e, finalmente, foram homenageadas pelo país que as tinha marcado para morrer. Como noivas jovens, recitaram sob a hupá as bênçãos que seus antepassados diziam há milhares de anos. Ao fazê-lo, escolheram honrar o legado dos que tinham perecido, escolheram a vida.
*The Wedding Dress That Made History by Helen Schwimmer
Publicado em Visão Judaica Ed. 84, outubro de 2009.
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Professor, quantos casos como esse devem ter permanecido incógnitos ou já esquecidos!!
ResponderExcluirEsse povo, realmente, merece respeito e admiração.
Abraços fraternos.
João Batista
Caro amigo João!
ResponderExcluirOs judeus são exemplo de pertinácia, apesar dos percalços que a vida lhes impôs ao longo da história...
Caloroso abraço! Saudações esperançosas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP
Meninoooooooooooooo.
ResponderExcluirMenino,que história diferente e triste,hein.
Sem dúvida esse povo deve ficar na memória e serem respeitados.
Beijosssssssss.
ANA CÉLIA DE FREITAS.
Cara amiga Ana Célia de Freitas!
ResponderExcluirA intolerância promove muitas carnificinas...
Afetuoso abraço! Saudações tolerantes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Diadema-SP