Caros confrades/passageiros!
Sempre que ouço esta enternecedora canção meus outonais olhos ficam em
água, porque lembro do meu saudoso pai, o Sr. Benedito de Oliveira
(1919-1997), que era mais conhecido pelo apelido de Pirapora, porque
nasceu no atual bairro diademense de Piraporinha.
Que saudades da
risada estrondosa do Pirapora e do seu inigualável amor, bem como do seu
pronto atendimento, quando eu ia no Ponto de Táxi do Cine Carlos Gomes,
que ficava na Rua Dr. Cesário Mota e depois mudou para a Rua Senador
Fláquer, na minha cidade de nascença, Santo André-SP, e ele nem
titubeava ao colocar a mão no bolso para me dar dinheiro para comprar
livros ou então para ir ao cinema ou ao teatro.
Ele fazia
malabarismo com o ofício de taxista para prover sua numerosa prole,
composta de seis bebezinhos (o sétimo e primeiro bebezinho viveu somente
4 horas do fatídico dia 18 de novembro de 1942) e minha saudosa mãe, a
Sra. Matilde Pinheiro de Oliveira (1923-2008), sabia gerenciar - com
primor - estes parcos recursos pecuniários, porque nunca fui dormir com
fome, sempre andei bem vestido, graças aos tecidos que minha mãe
comprava à prestação numa loja de tecidos no bairro do Ipiranguinha (de
propriedade de uma senhora gentil e senil, na mesma calçada do extinto
Cine Santo André...), cortava e costurava e transformava em
indumentárias impecáveis!
Lembro como se fosse hoje da expectativa
que ficava no portão da minha casa, que ficava na Rua Javaés nº 182, na
Vila Assunção, onde cheguei à luz, esperando ouvir o alarido da máquina
rodante do Pirapora chegando para almoçar ou então ao final de um
estafante dia de labor, quando descia do seu Cadilac, ano 1941 e depois
outro que adquiriu, ano de 1947, me levantava no ar, dava uma risada
estrondosa e me cobria de beijos, depois quando ia almoçar ou jantar me
colocava no colo e me deixava compartilhar da sua refeição, apesar de
estar alimentado e ver o olhar desaprovador da minha mãe, porque ela
achava que não deixava meu pai fazer as refeições sossegado.
Também
ficava envaidecido quando o Pirapora, depois de almoçar me levava no
Grupo Escolar "Profª Hermínia Lopes Lobo e este agora reles
escrevinhador outonal e insulso professorzinho primário e coordenador
pedagógico aposentado, ia em pé do seu lado direito no volante.
Na
contemporaneidade - às vezes, disco, digo, teclo o número 44-31-06, mas
para meu desgosto não ouço a voz do Pirapora atender e dizer do seu
Ponto de Táxi Senador...
Fico cá a divagar o suposto diálogo:
JP - Trim, Trim. Trim.
Pai: - Pronto.
JP: - Pai, aqui quem fala é o João. Quando o senhor vem me buscar?
Pai: - Também tenho saudades de você, mas por enquanto não abrirei a porta do meu táxi para levá-lo ao Olimpo.
JP: - Pai, como é a não existência?
Pai: - João, esta imaginária conversa jamais será um fato, porque
depois que sua existência cessar seus despojos mortais ficarão
depositados num jazigo da nossa família no Cemitério de Vila Euclides,
isto é, se ainda restar algum vestígio dos seus restos mortais e poucos
anos depois você cairá num completo esquecimento, porque nem seus entes
queridos lembrarão de você, dirá seus poucos amigos.
JP: - Pai, eu sempre lembro do Senhor.
Pai: - Pelo menos enquanto você viver serei lembrado, todavia não quero
ser pessimista, mas espero que seus descendentes cultuem sua memória,
como você cultua a memória do meu avó paterno, o Sr. José Pedroso de
Oliveira (1846-1906).
JP: - Pai, sinto-me um profundo desgraçado,
porque terei que suportar mais quatro anos de um mandato de uma
Presidente que não votei.
Pai: Não fique aniquilado, porque não há mal que sempre dure...
JP: Pai, pai, pai, alô, pronto... A ligação foi interrompida de supetão.
Pai, Mãe, sempre os amei, amo e amarei!
Seu filhinho desolado e desamparado.
Saudoso abraço! Saudações melancólicas.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus!
LUZES! CÂMERAS! AÇÃO!
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