Caros confrades passageiros.
Caros amigos.
Aqueles que já eram viventes, o que faziam no ano inicial da nefasta dentadura, digo, ditadura (1964-1985)?
Em 1964 eu tinha 11 anos e cursava o último ano do extinto curso primário, em 1985 era escriturário e exercia as funções, atinentes do cargo, na Delegacia de Polícia de Guarujá.
Em 1964, o escritor, jornalista e tanguista, Milton Saldanha, então como 18 anos, exercia o ofício de jornalista num periódico da cidade de Porto Alegre-RS, em 1985 era um conceituado e tarimbado jornalista.
Apreciei sobremaneira a crônica do Milton Saldanha, que sofreu na pele os percalços das privações de direitos, que traz à baila o que de fato foi viver num regime de exceção, que a seguir transcrevo.
Fico estupefato quando ouço ou leio em periódicos e redes sociais pessoas desinformadas, que dizem que naquele inaceitável regime de exceção não tinha corrupção, o ensino público era de qualidade, a violência era diminuta [sic].
Max, traga meus sais centuplicados diluídos numa colher de chá de Fosfosol.
Caloroso abraço. Saudações memorialistas.
Até breve... João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Aqueles que já eram viventes, o que faziam no ano inicial da nefasta dentadura, digo, ditadura (1964-1985)?
Em 1964 eu tinha 11 anos e cursava o último ano do extinto curso primário, em 1985 era escriturário e exercia as funções, atinentes do cargo, na Delegacia de Polícia de Guarujá.
Em 1964, o escritor, jornalista e tanguista, Milton Saldanha, então como 18 anos, exercia o ofício de jornalista num periódico da cidade de Porto Alegre-RS, em 1985 era um conceituado e tarimbado jornalista.
Apreciei sobremaneira a crônica do Milton Saldanha, que sofreu na pele os percalços das privações de direitos, que traz à baila o que de fato foi viver num regime de exceção, que a seguir transcrevo.
Fico estupefato quando ouço ou leio em periódicos e redes sociais pessoas desinformadas, que dizem que naquele inaceitável regime de exceção não tinha corrupção, o ensino público era de qualidade, a violência era diminuta [sic].
Max, traga meus sais centuplicados diluídos numa colher de chá de Fosfosol.
Caloroso abraço. Saudações memorialistas.
Até breve... João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
"1964 foi único. Parem com essa bobagem de comparar
Milton Saldanha, jornalista
Seguidamente leio ou escuto comparativos que evocam 1964, e a ditadura que lá começou, com o período atual.
Gostaria de saber onde estavam e o que faziam, em 1964, as pessoas que
fazem esse comparativo absurdo. Ah, não tinham nascido? Então não
estudaram e não leram os livros sobre o assunto, cerca de mil, ou mais.
O comparativo me incomoda, como incomoda a todos que participaram, de
alguma forma, da resistência contra a ditadura. Simplesmente porque não
cabe nenhum comparativo entre os dois períodos.
Em 1964 tivemos
deslocamento de tropas, com tanques e canhões, prontos para uma guerra
real, de larga escala. Só isso já mostra a falta de senso de quem
compara as épocas. O regime engavetou as leis, aboliu o habeas-corpus,
deu poderes ilimitados à polícia política, que podia invadir repartições
e residências sem mandado judicial. Montou um aparato repressivo com
instrumentos de tortura. Nesses locais havia até aulas sobre o tema, com
demonstrações usando presos. Tinha até cemitérios clandestinos. Além do
presidente João Goulart, foram depostos todos os governadores,
prefeitos e parlamentares que não interessavam ao novo regime. As listas
de cassações pegaram também militares, das Forças Armadas e das
polícias militares, idem policiais civis. Só nas Forças Ar madas foram
cerca de dez mil militares atingidos. As punções mais brandas eram as
aposentadorias impostas e precoces, para mantê-los longe da caserna e
das armas. Centenas de legalistas, não esquerdistas, que apenas não
aceitavam o desrespeito à Constituição, tiveram suas carreiras
bruscamente interrompidas com essa violência. Isso sepultou seus sonhos e
promoções que ainda teriam. Conheci oficiais que adoravam a carreira e
tiveram que viver com essa frustração, indo fazer outras coisas que nada
tinham a ver com sua vocação.
Daria para ficar aqui escrevendo
durante horas para apontar o horror que foi a ditadura. Com censura à
imprensa, ao teatro e cinema. Intervenção nas escolas, sindicatos, até
em clubes sociais. O jornal onde eu começava no jornalismo, no dia do
golpe, foi invadido por uma patrulha do Exército e fechado por um
período. Eu tinha apenas 18 anos, era estudante, e tive que fugir e me
esconder. Como fizeram outros amigos e companheiros de luta política. Em
1970, fui preso no DOI-Codi de São Paulo, onde vi a ditadura no seu
estado mais puro, sem o menor traço de respeito aos direitos humanos.
Quando aconteceu o Ato-5 e começou a luta armada, em 1968, tudo piorou
100%. O medo era geral e na proporção do crescimento da truculência da
polícia. Vivia-se enorme tensão, em tempo integral. Só não passavam por
isso o s ricos e os alienados de sempre, principalmente de uma parte
grande da classe média, coniventes com a barbárie do governo.
Caros, daria para contar muito mais. Mas creio que este resumo seja
suficiente para mostrar a insanidade, ou ampla desinformação, de quem
insiste em comparar o quadro atual com a ditadura.
Que hoje está
muito ruim, nem se discute. Mas a ditadura foi anos luz muito pior.
Insistir no comparativo ofende à memória dos que tombaram, ou sofreram
de qualquer outra forma, na luta pela democracia.
Milton Saldanha
Jornal Dance, editor"
Jornal Dance, editor"
não dá para comparar prof. João Paulo,
ResponderExcluirpassámos por tudo isso também até à revolução sem guerra que deu origem a outras na Europa e talvez noutros países fora do continente
Cara Angela.
ResponderExcluirSempre aprecio quando tomo ciência que embarcastes no Expresso do Oriente e, mais ainda, quando deixas comentário no livro de bordo.
Infelizmente, o que vigora na sociedade mercantilista e excludente - que vivemos -é o TER em detrimento do SER.
Caloroso abraço. Saudações desalentadas.
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.