Caros confrades/passageiros!
Epístolas Paulianas
Suposto colóquio com meu dileto e saudoso amigo
Wanderley dos Santos (19/02/951-16/01/1996)
Diadema, minha amada cidade, 19 de fevereiro de 2.015.
Caríssimo Amigo Wanderley dos Santos!
Mais uma vez suponho chegar a presença de tão ilustre Amigo, porque no dia em curso se estivesse entre nós completaria mais um natalício!
A seguir fiquei melancólico e com o desejo intenso de revê-lo radiante, garboso e vigoroso, porque se estivesse entre nós o dia em curso seria o seu 64ª Natalício.
Como jamais meu desejo tornar-se-á um fato, porque seus despojos mortais jazem no Sepulcrário da cidade de Tapiratiba-SP, terra de alguns dos seus ascendentes, desde o fatídico dia 16 de janeiro de 1996, resolvi atenuar a dolorida saudade, escrevendo esta epístola como se realmente estivesse cumprimentando-o pela passagem do seu Natalício, de mod a tornar factível minha fantasia de manter mais um colóquio palpitante, com tão diletíssimo Amigo.
É evidente que nesta fantasia você está radiante, garboso e vigoroso eternamente, na Ala Olimpiana, reservada aos historiadores e pesquisadores pertinazes e certamente dará aquele sorriso discreto e inconfundível, ao ler o que este seu desolado e fiel amigo te escreveu.
Será que finalmente você descobriu o local exato da Vila de Santo André da Borda do Campo, que aquele súdito do reino distante além-mar, o aventureiro e promíscuo João Ramalho (1593-1580) fundou no distante dia 08/04/1553 e que fornicou com minha ascendente nativa, a valorosa Bartira e outras nativas deixando numerosa prole?
Por Mnemosine, como sinto falta de ti... A última vez que vi sua esposa Rosi e seus filhos: Elídia, Hosana e Wanderley José, foi no lançamento do seu livro, "História do Município de Diadema" que o senhor Romeu, proprietário da Faculdade de Diadema, publicou com a intercessão da valorosa Mary Lopes, então responsável pelo Centro de Memória de Diadema-SP.
Depois da sua ida para o Olimpo os avanços tecnológicos foram mais céleres ainda. Na contemporaneidade nos comunicamos com naturalidade e desenvoltura, através do meio cibernético. Os telefones portáteis popularizaram-se de tal forma, que nem parece que não o tínhamos anteriormente. Demorei muito para aderir ao mundo cibernético, mas agora reconheço que o mundo virtual mudou radicalmente nosso modo de vida... Você acredita que podemos fazer transações bancárias sem sair de casa, bem como nos comunicarmos e vermos pessoas que moram do outro lado do mundo, através deste fantástico mundo virtual, instantaneamente? Lembra da imperdível película "Blade Runner," que estreou na Fascinante Arte das Imagens em Movimento, no início da década de 8O? Pois é, meu caro amigo, o que era ficção passou a ser realidade. Lembra daquela cena, da película citada, em que o personagem manipulava a fotografia dando zoom? Isto tornou-se um fato, não precisamos mais mandar revelar as fotografias. Fico a divagar sua expressão de espanto com toda esta parafernália que cerca nosso cotidiano na contemporaneidade.
Ainda continuo a procura de indícios que possam revelar quem foi o pai do meu bisavó paterno, o Sr. José Pedroso de Oliveira (21/09/1844-13/02/1906). Não resido mais no município de Guarujá-SP, a casa de lá fica a maior parte do tempo fechada e já foi visitada reiteradas vezes pelos asseclas dos irmãos Metralhas.
Voltei as minhas origens, porque resido no meu amado município de Diadema-SP desde o ano de 2002. Claro que tenho grande afeição pela minha cidade de nascença, Santo André-SP e por Guarujá-SP, onde nasceram meus filhos e que morei por 25 anos.
Estou aposentado dos dois cargos públicos que ocupava de Professor de Educação Básica I, na municipalidade de Diadema e Coordenador Pedagógico, na Prefeitura da cidade de São Paulo.
Como diz meu amigo, o confrade/memorialista Felipe Alexandre Herculano, estou na flor da melhor idade e acrescento, a aproveitar intensamente minha aposentaria e a fazer o que mais gosto: ler, escrever, pesquisar, assistir películas, peças de teatro, visitar Museus, Sepulcrários, flanar no centro velho de São Paulo ( como sinto sua falta nestes flâners...) e viajar.
Nunca me esqueço da primeira vez que o vi... Foi no Arquivo da Cúria Metropolitana em meados da década de 80. Fui até lá para pesquisar sobre os meus ascendentes. Você, naquele tempo, era diretor do Arquivo da Cúria Metropolitana. Um funcionário o chamou para me atender mais amiúde. Fiquei encantado com sua gentileza, agilidade e presteza em responder as perguntas deste sempre inquieto inquiridor, que já está na idade outonal, a espera do bico do corvo, para fazer-te companhia. Foi a partir deste auspicioso fato e dia que fomos estreitando laços, que com o passar do tempo transformou-se numa sólida amizade. Lembra quando flanávamos pelo centro velho da nossa pujante capital? Ainda guardo com muito carinho uma fotografia, onde meu filho carrega sua filha Elídia, na tenra idade e ele com oito anos, no ano de 1987. Infelizmente os contatos telefônicos que mantinha com sua esposa cessaram. A última vez que falei com ela, foi a pedido do Sr. Jorge Magyar que gerencia o Centro de Pesquisa e Documentação, de São Bernardo do Campo-SP, para saber dos exemplares do livro de sua autoria, "Antecedentes Históricos do ABC Paulista: 1550-1892), que com a intercessão do ilustre e incansável jornalista e escritor Ademir Medici, incansável paladino em prol da nossa combalida memória, a Prefeitura Municipal de São Bernardo do Campo-SP publicou em 1992. Já que estou a falar no Ademir Medici, a Coluna que ele escrevia diariamente desde 1987, no periódico "Diário do Grande ABC" agora ocupa uma página inteira do Caderno Setecidades.
Tenho lido muito, como sempre. Já que estou a falar em livros não sei se você leu, quando estava neste maltratado e fascinante mundo que ainda habito, o livro: "Memória e Sociedade - Lembranças de Velhos", que a Profª Drª Ecléa Bosi nos brindou. Somente o li em 2004. Como divaguei com as lembranças de antigos paulistanos... Antes do livro que estou a ler: O Crime do Padre Amaro", reli o inquietante livro "O crime do restaurante chinês", do brilhante Prof. Dr. Boris Fausto, que saiu do prelo em 2009. É fantástico divagar sobre a terra da garoa, bem como da nobilíssima paulistana, Domitília de Castro Canto e Melo (1797-1867), nos idos anos de 1.938, sob o viés erudito do Prof. Dr. Boris Fausto. Seu livro desvelou o preconceito racial que infelizmente ainda continua a nos afligir. Fiquei a divagar quem era o menino que no Tribunal do Júri sorteou os nomes dos Jurados para o julgamento do acusado, bem como foi a vida do acusado do crime após sair da cadeia.
Tenho uma notícia auspiciosa! Está em fase de preparação o 13º Congresso de História do Grande ABC, que desta vez será no hospitaleiro município de Ribeirão Pires, que tornou-se Estância Turística.
A competente historiadora Malu, que trabalha no Centro de Memória de Diadema, sugeriu que neste Congresso tenha uma Mesa para prestar tributo a ti. Darei esta sugestão ao Marcílio Duarte, que é o Presidente deste Congresso e Secretário Adjunto da Secretaria de Cultura e Turismo da Estância Turística de Ribeirão Pires, na próxima reunião preparatória do Congresso, que realizar-se-á na semana vindoura.
Fico muito desalentado em constatar que até agora nenhuma das cidades da região do Grande ABC, que teve fatos revelados sobre seus primórdios, graças ao seu árdua/fascinante pesquisa, teve a iniciativa de prestar tributo graças ao seu empenho de dar outros vieses aos primórdios da história regional, teve a iniciativa de nomear um logradouro público ou então espaços culturais dedicados à memória e também uma escola com seu nome, porque no meu viés seria um justo tributo aos relevantes serviços prestados à memória regional.
Também sinto falta do seu sorriso cativante e do seu jeito manso de falar.
Sabe, caríssimo amigo Wanderley, o mundo ficou insulso depois que deixou de contar com sua radiante existência.
Não sei se você lembra, mas sou vassalo mor e fã ardoroso n° 1, da inesquecível e inigualável atriz Gene Tierney (1920-1991). Caso você a encontre, quando estiver a flanar na frondosas alamedas olimpianas, diga-lhe que você é meu amigo e diga também que quando chegar minha hora de ser levado até ai no bico do corvo ficarei eternamente servindo-lhe uvas e vinhos, bem como atendendo todos os seus divinais desejos.
Folguedos à parte, hoje também fiquei enternecido e lágrimas deslizaram pela minha face sem viço, porque reli as missivas que você me enviava quando tínhamos a prerrogativa de tê-lo entre nós.
Vou encerrar esta Epístola Pauliana que te dedico com muito carinho, amizade e saudades.
Espero ter a prerrogativa de encontrá-lo pelo menos nos meus sonhos ou divagações.
Para sentir-me mais próximo de ti, a encerro a teu modo, que era:
Vou ficando por aqui enviando-lhe um forte abraço.
Agora do meu jeito:
Caloroso abraço! Saudações muito saudosas!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus!
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