Caros confrades/passageiros!
É como muita satisfação que divulgo, com a devida anuência do meu estimado amigo Milton Saldanha,
mais um dos seus imperdíveis artigos, que sua brilhante pena nos
brinda, desta vez discorrendo - sem titubear - sobre a nefasta odiosa
corrupção.
O Milton Saldanha é um conceituado e tarimbado jornalista e escritor, que deixou marcas indeléveis nos meios de comunicação onde exerceu seu ofício. Atualmente ele é o editor do Jornaldance, que é direcionado para os aficionados por tango. Falando em tango o Milton é um exímio tanguista!
Caloroso abraço! Saudações miltonetes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus!
"O pai da corrupção
Milton Saldanha
O PT não criou a corrupção. Pior: aderiu a ela. Quem começou foi Cabral, ao subornar os índios com espelhinhos e outras quinquilharias. O dever do PT, declarado na primeira eleição de Lula, era ter feito a depuração do país. Mas em nome de uma praga que leva o nome de “governabilidade” Lula se apressou a fazer alianças com os mais notórios corruptos que já mamavam há décadas nos cofres do poder. Refratário a livros e vaidoso até a medula, sua única ideologia foi sempre o próprio umbigo. Seu maior legado terá sido colocar as lutas populares em amplo descrédito. O capitalismo selvagem por muito tempo deveria lhe agradecer por tão relevante serviço.
Governou sem oposição: quem não foi cooptado por acordos políticos mergulhou no escândalo do mensalão, uma criação do eternamente impune Azeredo, do PSDB mineiro, copiada por Zé Dirceu. Este, pelo menos, foi punido.
Chamar o PSDB de oposição beira o humor. Basta o escândalo dos trens em São Paulo, que adormece na gaveta para ser esquecido, para mostrar a qualidade moral dessa turma. Se ainda for pouco, pode se aprofundar o debate com uma análise do escândalo das privatizações na era FHC, quando se entregou a preço de banana a Vale do Rio Doce ao capital privado. Vale um paralelo com o atual escândalo na Petrobrás. A diferença é que este se investigou, o outro foi enterrado.
As mazelas da democracia não aliviam em nada a corrupção e o terrorismo de Estado que foi a ditadura. Se hoje está ruim, na ditadura foi centenas de vezes pior, com a agravante que nada podia ser investigando nem divulgado.
Sob outro prisma, só alguém absolutamente desinformado deixaria de reconhecer que tivemos avanços sociais. São irrisórios, quando comparados com o porte da desigualdade social e da divisão de renda. Mas, comparados com o nada de antes, tiveram impacto positivo na economia e particularmente na vida de milhões de pessoas. Só de pensar nas famílias que deixaram de passar fome já vale o irrestrito apoio às políticas sociais. Reclamando de barriga cheia, a classe média se rebela e se inclina à direita, completamente refratária a algo que não passa de assistencialismo emergencial. Essa turma sempre se lixou para os pobres, sem perceber que distribuição de renda é sinônimo de consumo, investimento e emprego. Exatamente o contrário do que provoca a concentração, incluindo ainda a inflação. Economia deveria ser uma matéria obrigatória desde o ensino básico. Mas se fizerem isso metade da população descobre onde e como é roubada, sempre com a conivência do poder, subordinado ao sistema financeiro. E quando falo em poder refiro-me ao tripé Executivo, Legislativo e Judiciário.
O que mais torna explícito o fosso entre a população e seus poderes supostamente representativos é a linguagem. Empolada e erudita, mantém o povão alijado da informação. Termos inacessíveis aos mortais, vide o ridículo dos debates no Supremo, na verdade escondem grandes sacanagens contra os marginalizados. Não é uma questão só brasileira, é universal.
A colonização da África, por exemplo, foi toda arquitetada com esse artifício, desde a Conferêcia de Berlim, em 1885. Foi um encontro das potências européias para decidir “pacificamente” como seria dividido o mapa africano na ocupação colonial. O descumprimento desse acordo de partilha, em algumas regiões, como o Quênia, causou alguns conflitos armados, principalmente entre ingleses e holandeses. Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica ocuparam a África apresentando títulos de propriedade da terra a tribos que lá viviam há séculos e desconheciam qualquer documento. Lá sequer existia o conceito de divisão por lotes, a terra era um bem coletivo. Os europeus chegavam munidos de papéis e força militar, expulsando os legítimos donos para assentar suas corporações, em nome de um processo “civilizatório”. Leia-se exploração de minérios. Mas escolas e universidades, claro, eles não construíam. A descolonização é um processo muito recente, deixando como seqüela um enorme déficit no ensino.
Aqui no Brasil a ocupação da terra não foi diferente. O latifúndio proliferou deixando um rastro de sangue. Nada se fala do genocídio indígena e dos caboclos. No litoral paulista, os crimes contra os caiçaras. Quanto aos negros, foram alijados das oportunidades na coincidência da abolição da escravidão com a abertura do processo migratório para ocupação na lavoura. O colono tinha financiamento, enquanto ao ex-escravo restava o biscate ou esmolar nas cidades. Foi uma das vinganças do capital contra a abolição. A outra foi derrubar e banir Pedro II e sua família. Não bastasse o Brasil ter sido o penúltimo país do mundo a acabar com a escravidão. O velho Pedro amava o Brasil e estava doente. O banimento foi uma crueldade dos radicais republicanos, não havia necessidade disso. Mas o ódio escravagista não tinha limites e deixou seus vestígios no preconceito racial até hoje latente. Esse processo todo foi a semente do bolsão de miséria urbana e rural que hoje aí está, com uma enorme população segregada.
É essa herança maldita que forma o núcleo da nossa estrutura social e política: tudo pensado para uma parte da sociedade, sem levar em conta as desigualdades históricas. A corrupção nada mais é do que o filho dileto desse sistema. Sem interromper a imortalidade desse pai, ela jamais terá fim."
O Milton Saldanha é um conceituado e tarimbado jornalista e escritor, que deixou marcas indeléveis nos meios de comunicação onde exerceu seu ofício. Atualmente ele é o editor do Jornaldance, que é direcionado para os aficionados por tango. Falando em tango o Milton é um exímio tanguista!
Caloroso abraço! Saudações miltonetes!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver sem véus!
"O pai da corrupção
Milton Saldanha
O PT não criou a corrupção. Pior: aderiu a ela. Quem começou foi Cabral, ao subornar os índios com espelhinhos e outras quinquilharias. O dever do PT, declarado na primeira eleição de Lula, era ter feito a depuração do país. Mas em nome de uma praga que leva o nome de “governabilidade” Lula se apressou a fazer alianças com os mais notórios corruptos que já mamavam há décadas nos cofres do poder. Refratário a livros e vaidoso até a medula, sua única ideologia foi sempre o próprio umbigo. Seu maior legado terá sido colocar as lutas populares em amplo descrédito. O capitalismo selvagem por muito tempo deveria lhe agradecer por tão relevante serviço.
Governou sem oposição: quem não foi cooptado por acordos políticos mergulhou no escândalo do mensalão, uma criação do eternamente impune Azeredo, do PSDB mineiro, copiada por Zé Dirceu. Este, pelo menos, foi punido.
Chamar o PSDB de oposição beira o humor. Basta o escândalo dos trens em São Paulo, que adormece na gaveta para ser esquecido, para mostrar a qualidade moral dessa turma. Se ainda for pouco, pode se aprofundar o debate com uma análise do escândalo das privatizações na era FHC, quando se entregou a preço de banana a Vale do Rio Doce ao capital privado. Vale um paralelo com o atual escândalo na Petrobrás. A diferença é que este se investigou, o outro foi enterrado.
As mazelas da democracia não aliviam em nada a corrupção e o terrorismo de Estado que foi a ditadura. Se hoje está ruim, na ditadura foi centenas de vezes pior, com a agravante que nada podia ser investigando nem divulgado.
Sob outro prisma, só alguém absolutamente desinformado deixaria de reconhecer que tivemos avanços sociais. São irrisórios, quando comparados com o porte da desigualdade social e da divisão de renda. Mas, comparados com o nada de antes, tiveram impacto positivo na economia e particularmente na vida de milhões de pessoas. Só de pensar nas famílias que deixaram de passar fome já vale o irrestrito apoio às políticas sociais. Reclamando de barriga cheia, a classe média se rebela e se inclina à direita, completamente refratária a algo que não passa de assistencialismo emergencial. Essa turma sempre se lixou para os pobres, sem perceber que distribuição de renda é sinônimo de consumo, investimento e emprego. Exatamente o contrário do que provoca a concentração, incluindo ainda a inflação. Economia deveria ser uma matéria obrigatória desde o ensino básico. Mas se fizerem isso metade da população descobre onde e como é roubada, sempre com a conivência do poder, subordinado ao sistema financeiro. E quando falo em poder refiro-me ao tripé Executivo, Legislativo e Judiciário.
O que mais torna explícito o fosso entre a população e seus poderes supostamente representativos é a linguagem. Empolada e erudita, mantém o povão alijado da informação. Termos inacessíveis aos mortais, vide o ridículo dos debates no Supremo, na verdade escondem grandes sacanagens contra os marginalizados. Não é uma questão só brasileira, é universal.
A colonização da África, por exemplo, foi toda arquitetada com esse artifício, desde a Conferêcia de Berlim, em 1885. Foi um encontro das potências européias para decidir “pacificamente” como seria dividido o mapa africano na ocupação colonial. O descumprimento desse acordo de partilha, em algumas regiões, como o Quênia, causou alguns conflitos armados, principalmente entre ingleses e holandeses. Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Holanda, Bélgica ocuparam a África apresentando títulos de propriedade da terra a tribos que lá viviam há séculos e desconheciam qualquer documento. Lá sequer existia o conceito de divisão por lotes, a terra era um bem coletivo. Os europeus chegavam munidos de papéis e força militar, expulsando os legítimos donos para assentar suas corporações, em nome de um processo “civilizatório”. Leia-se exploração de minérios. Mas escolas e universidades, claro, eles não construíam. A descolonização é um processo muito recente, deixando como seqüela um enorme déficit no ensino.
Aqui no Brasil a ocupação da terra não foi diferente. O latifúndio proliferou deixando um rastro de sangue. Nada se fala do genocídio indígena e dos caboclos. No litoral paulista, os crimes contra os caiçaras. Quanto aos negros, foram alijados das oportunidades na coincidência da abolição da escravidão com a abertura do processo migratório para ocupação na lavoura. O colono tinha financiamento, enquanto ao ex-escravo restava o biscate ou esmolar nas cidades. Foi uma das vinganças do capital contra a abolição. A outra foi derrubar e banir Pedro II e sua família. Não bastasse o Brasil ter sido o penúltimo país do mundo a acabar com a escravidão. O velho Pedro amava o Brasil e estava doente. O banimento foi uma crueldade dos radicais republicanos, não havia necessidade disso. Mas o ódio escravagista não tinha limites e deixou seus vestígios no preconceito racial até hoje latente. Esse processo todo foi a semente do bolsão de miséria urbana e rural que hoje aí está, com uma enorme população segregada.
É essa herança maldita que forma o núcleo da nossa estrutura social e política: tudo pensado para uma parte da sociedade, sem levar em conta as desigualdades históricas. A corrupção nada mais é do que o filho dileto desse sistema. Sem interromper a imortalidade desse pai, ela jamais terá fim."
Na passada semana lia num mail que me enviaram que corrupto não se escreve sem pt (PT).
ResponderExcluirE mais não digo.
Aquele abraço, boa semana