Caros confrades/passageiros!
Tenho uma terapia eficaz quando a dor da saudade vem com
intensidade, que é escrever...
Minha querida amiga Nivia Andres intitulou minhas reles
escrevinhações como “Epistolas Paulianas”!
Meu amado e saudoso irmão primogênito viveu apenas 4 horas do
fatídico dia 18 de novembro de 1942.
Se o 1º bebezinho da Dona Matilde Pinheiro de Oliveira
(1923-2008), estivesse entre nós, completaria no dia em curso 71 anos.
Para prestar-lhe tributo dediquei-lhe esta Epístola Pauliana:
EPÍSTOLAS PAULIANAS
CONVERSANDO COM BENEDITO EDMUNDO DE OLIVEIRA
Diadema, minha amada cidade, 18 de novembro de 2013.
Amado irmão!
Por Chronos, como o tempo urge!
Se você estivesse entre nós completaria, no dia em curso 71
anos...
Infelizmente, sua existência foi fugaz, porque durou apenas
quatro horas do fatídico dia 18 de novembro de 1942.
Espero que esta missiva cibernética o encontre no berçário do
Olimpo, agora sob os cuidados intensivos dos nossos amados pais!
Sabe, Edmundo, nosso querido pai sempre se referiu a você com
muito carinho, mas a mãe ficava incomodada quando eu perguntava a seu respeito,
porque dizia:
- Não podemos falar sobre aqueles que já foram, porque agora
ele é um anjinho, mudando de assunto... Deve ter sido duríssimo para ela
suportar o intenso sofrimento de perder o primeiro bebezinho. Creio que este
foi um dos motivos pelos quais ela queria sempre que estivéssemos à sua volta.
Depois de um ano, um mês e dez dias da sua partida, chegou o
segundo bebezinho da mãe, agora o chefe da família, porque o pai e a mãe estão
aí, zelando por você... Juro pela alma imaculada do conquistador espanhol
Francisco Pizarro (1471-1541) que não estou com inveja!
Quereria ser um “cavalinho de circo” para ver, se você não tivesse
deixado de existir, como seria seu relacionamento, com o nosso amado irmão
Raimundo, que chegou depois de você!
Fico a divagar como seria seu modo de vida na
contemporaneidade...
Será que:
- teria numerosa prole?!...
- seria viúvo?!...
- seria solteiro?!...
- desquitou e casou novamente?!...
- foi torturado nos anos de chumbo?!...
- seria cinéfilo?!...
- também cultuaria as inesquecíveis atrizes Cacilda Becker e
Gene Tierney?!...
- seria aposentado em qual ofício?!...
- apreciaria ostras e caracóis concomitantemente ou somente
ostras ou somente caracóis?
- seria um beato zeloso?!... (O Senhor esteja convosco!)
- seria um padre?!... (Pobrezinho...)
- seia espírita?!... (Ché...)
- seria evangélico?!... (Max! Traga meus sais centuplicado!)
- seria incrédulo?!... (Por Dionísio eu tenho a quem puxar!)
- seria um político?!... (Certamente com o perfil dos
saudosos Franco Montoro e Mário Covas!)
- seria um irmão amoroso?!... (Ulalaaaaaaaaaaaaaaá!)
- teria me protegido dos meninos malvados, quando eu era
petiz?!...
- teria venerado os Beatles e os Rolling Stones?!...
- teria dançado chá-chá-chá e twist?!...
- teria superado o zelo exacerbado da mãe?!...
- seria o queridinho do pai e da mãe?!...
- seria ciumento como este seu penúltimo irmão e 6º bebezinho
da mãe?!...
Ah, Edmundo, nunca, jamais, em tempo algum, terei respostas
para minhas inquirições...
Nunca o vi, sempre o amei e o amarei sempre!
Afetuosíssimo e calorosíssimo abraço deste seu irmãozinho que
nunca o esquece e o ama!
Até breve...
João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento
PS - Você é um felizardo, porque pode ser acalentado pelo pai
e a mãe! Sempre visito o jazigo, onde repousam seus despojos mortais lá no
Sepulcrário da nossa família, na Vila Euclides, em São Bernardo do Campo-SP.
(apesar de ter ciência de que, provavelmente, não resta mais nenhum vestígio da
sua curtíssima existência.)
No ano que você teve a fugaz existência de 4 horas fazia
sucesso na fascinante Arte das Imagens em Movimento a película “Casablanca”,
que deixou marcas indeléveis na filmografia mundial:
LUZES! CÂMERAS! AÇÃO!
Foto: Penny Parker
Fotomontagem: Cristina Fonseca
Uma Epístola Pauliana extraordinária, acompanhada pelo mais extraordinários de todos os filmes.
ResponderExcluirSublime!!
Grande abraço!
Saudades infindas de quem nunca vi e sempre amei.
ResponderExcluirO primano ❤ ser humano do bem! Que linda in memorian. Somos as lepigartas que se transformam em livres borboletas! Esse seu irmãozinho está borboletando , rs, igual a minha irmãzinha , que se recusou a largatear novamente. Num aborto espontâneo, minha saudosa mãe relatou, que era uma menina e mesmo assim a batizou simbolicamente de Iara. Parabéns pelo tão rico conto descritivo, se assim posso dizer. O mestre das Letras e você, nosso Joãozinho amado!
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