Epístolas Paulianas
Conversando com a Professora Mary Clerman
Conversando com a Professora Mary Clerman
Diadema, 28 de abril de 2016.
Prezada Professora Mary Clerman
Infelizmente sua existência cessou no fatídico dia 22 do mês em curso.
Graças a uma outra ramalhina, que foi sua aluna, durante três anos letivos, a valorosa Elza Zimbardi, soube da sua partida, como diz o incansável paladino em prol da nossa combalida memória,o escritor e jornalista Ademir Medici que, após a minha comunicação, perpetuou sua memória na Coluna Memória, no dia em curso, publicada diariamente no prestigioso periódico Diário do Grande ABC.
Até então não sabia que a Senhora era judia.
Foi a primeira vez que adentrei num cemitério judaico e, apesar da minha incredulidade, fiquei tocado sobremaneira com o ritual judaico, bem como o profundo respeito com aqueles que já foram, como dizia minha saudosa mãe, a Sra. Matilde Pinheiro de Oliveira (1923-2008).
Sempre tive fascínio pelo Judaísmo e jamais esquecerei do forte beliscão que levei da minha saudosa mãe, no meu já bem distante tempo de petiz, quando ao passar numa Sinagoga, que ficava na esquina da Rua Siqueira Campos com a Travessa Vereador Rondineli, manifestei meu desejo de adentrar na edificação sacra.
Nunca tinha visto minha saudosa mãe tão exasperada e quando chegamos em casa levei umas palmadas. Na contemporaneidade fico cá a divagar a que ponto pode chegar o obscurantismo e intolerância.
Naquela época tinha um programa judaico na televisão intitulado "Mosaico da TV" e, sorrateiramente, assistia e ficava sem entender o motivo da intolerância religiosa, tendo em vista a origem do cristinianismo.
Professora Mery, no ano letivo de 1971, quando fui seu regido no Instituto de Educação João Ramalho, no 1º ano do curso colegial, passava por um período muito difícil da minha existência, porque estava deprimido e aterrorizado com a possibilidade iminente de uma hecatombe nuclear e não via sentido nos conteúdos programáticos da disciplina de sua regência, a Matemática.
Ficava a boiar com aqueles detestáveis fórmulas matemáticas, bem como com a progressão aritmética, progressão geométrica, função e logaritmo e o resultado são as médias bimestrais que tinha, apontadas na minha Carteira de Estudante, que atestam que fui reprovado em Matemática. Apesar do meu rendimento escolar ter sido sofrível jamais me esqueci da Senhora, porque admirava a maneira amorosa que tratava seus regidos.Lembro que quando a Senhora me entregava a prova com a nota sofrível me olhava com ar de interrogação, como quem que estivesse a refletir:
- O que impede este aluno de aprender Matemática?
Apesar dos pesares, sinto falta dos anos letivos de 1971 a 1973, quando estudei no Instituto de Educação João Ramalho.
Gostei de conhecer seus filhos e netos.
Esta foi a forma que escolhi para prestar-lhe tributo e deixar patente que enquanto aqui estiver jamais a esquecerei.
Saudações saudosas.
Até breve... João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
Graças a uma outra ramalhina, que foi sua aluna, durante três anos letivos, a valorosa Elza Zimbardi, soube da sua partida, como diz o incansável paladino em prol da nossa combalida memória,o escritor e jornalista Ademir Medici que, após a minha comunicação, perpetuou sua memória na Coluna Memória, no dia em curso, publicada diariamente no prestigioso periódico Diário do Grande ABC.
Até então não sabia que a Senhora era judia.
Foi a primeira vez que adentrei num cemitério judaico e, apesar da minha incredulidade, fiquei tocado sobremaneira com o ritual judaico, bem como o profundo respeito com aqueles que já foram, como dizia minha saudosa mãe, a Sra. Matilde Pinheiro de Oliveira (1923-2008).
Sempre tive fascínio pelo Judaísmo e jamais esquecerei do forte beliscão que levei da minha saudosa mãe, no meu já bem distante tempo de petiz, quando ao passar numa Sinagoga, que ficava na esquina da Rua Siqueira Campos com a Travessa Vereador Rondineli, manifestei meu desejo de adentrar na edificação sacra.
Nunca tinha visto minha saudosa mãe tão exasperada e quando chegamos em casa levei umas palmadas. Na contemporaneidade fico cá a divagar a que ponto pode chegar o obscurantismo e intolerância.
Naquela época tinha um programa judaico na televisão intitulado "Mosaico da TV" e, sorrateiramente, assistia e ficava sem entender o motivo da intolerância religiosa, tendo em vista a origem do cristinianismo.
Professora Mery, no ano letivo de 1971, quando fui seu regido no Instituto de Educação João Ramalho, no 1º ano do curso colegial, passava por um período muito difícil da minha existência, porque estava deprimido e aterrorizado com a possibilidade iminente de uma hecatombe nuclear e não via sentido nos conteúdos programáticos da disciplina de sua regência, a Matemática.
Ficava a boiar com aqueles detestáveis fórmulas matemáticas, bem como com a progressão aritmética, progressão geométrica, função e logaritmo e o resultado são as médias bimestrais que tinha, apontadas na minha Carteira de Estudante, que atestam que fui reprovado em Matemática. Apesar do meu rendimento escolar ter sido sofrível jamais me esqueci da Senhora, porque admirava a maneira amorosa que tratava seus regidos.Lembro que quando a Senhora me entregava a prova com a nota sofrível me olhava com ar de interrogação, como quem que estivesse a refletir:
- O que impede este aluno de aprender Matemática?
Apesar dos pesares, sinto falta dos anos letivos de 1971 a 1973, quando estudei no Instituto de Educação João Ramalho.
Gostei de conhecer seus filhos e netos.
Esta foi a forma que escolhi para prestar-lhe tributo e deixar patente que enquanto aqui estiver jamais a esquecerei.
Saudações saudosas.
Até breve... João Paulo de Oliveira
Um ser vivente em busca do conhecimento e do bem viver, sem véus, sem ranços, com muita imaginação, autenticidade e gozo.
PS - Ontem, num encontro memorialista, fiquei lisonjeado quando um dos partícipes perguntou se eu era judeu!
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