domingo, 18 de agosto de 2013

Irene Soffner

Caros confrades passageiros!

Tenho a grata satisfação de informá-los que ontem o HenriquAmigo teve a deferência de publicar na www.aminhatravessadoferreira.blogspot.pt.

um tributo que prestei a minha saudosa amiga Irene Soffner dedicando-lhe uma das minhas Epístolas Paulianas!

 

 Sábado, 17 de Agosto de 2013

DIADEMA, AMADA CIDADE
Conversando com a minha
saudosa amiga Irene Soffner
·      Epístolas Paulianas
Caríssima amiga Irene!
Por Dionísio, como o tempo urge...
Hoje, faz quatro anos que visitei seu jazigo, no Sepulcrário da Quarta Parada, mais precisamente na quadra 63, jazigo 11, que fica localizado na nossa pujante capital paulista. Fiquei muito triste, porque ele aparentava abandono. Estava coberto de  mato com cacos de vasos e vidro e  sua placa de identificação jogada num canto, sem posição de destaque, com o canto superior direito quebrado. Claro que coloquei a placa num local adequado e os dois vasos de flores que levei cada um ladeando-a, onde consta: Irene Soffner 20/12/1922-01/11/1998.
Nunca me esqueço, quando a conheci nos idos anos de 1976 ao assumir as funções atinentes ao cargo de escriturário, no extinto DEOPS, com designação na Delegacia de Estrangeiros e Passaportes. Fui trabalhar com você na seção de Protocolo, lembra? Você era muito querida por todos os colegas e as partes que a procuravam para solicitar sua intercessão, com o escopo de resolver a documentação pendente para permanência definitiva no país, naturalização e passaporte. Também os chilenos, bolivianos, libaneses a consideravam como uma fada madrinha, por conta da sua ação intercessora.  
Lembra do  grande amor da sua vida, aquele libanês safado que somente mantinha um relacionamento amoroso com você, porque esperava que a documentação pendente, para permanecer definitivamente no Brasil, fosse solucionada? Nunca me esqueço de como você era apaixonada por aquele traste e não adiantava nada falar que ele não prestava...
Você sempre chegava à repartição com o extinto periódico Notícias Populares, que também era conhecido como “espreme sangue”, 
O "espreme sangue"
debaixo do braço e ficava com os olhos brilhando, quando começava a descrever as tragédias que acabara de ler na máquina rodante coletiva, que a trazia do bairro da Casa Verde até o Largo Paissandu e depois você ia caminhando até a repartição. Nossa, até hoje penso de como você, às vezes, chegava à seção com a aparência aniquilada e quando indagada do motivo de estar naquele estado, dizia que tinha acabado de sair de um velório e chorou copiosamente ao lado da viúva.
Quando eu perguntava se o falecido era da família ou amigo, você dizia que nunca o tinha visto, mas não resistira em parar no Sepulcrário do Araçá, embarcando em outro transporte coletivo, antes de ir à Delegacia de Estrangeiros e Passaportes. Lembra  como você também era conhecidíssima lá na Rua 25 de março e adjacências?
Estação Jabaquara
Também nunca esqueço quando meu filho nasceu em 1979 e você ia comigo do lado de lá do Parque D. Pedro, para procurar lojas que comercializavam fraldas descartáveis mais em conta e depois me ajudava a levar o volumoso pacote até a Estação São Bento do Metro, onde eu seguia até a Estação Jabaquara, para embarcar numa máquina rodante coletiva interurbana para minha então cidade de morada, Guarujá-SP.
Depois que fui transferido para a Delegacia de Polícia de Guarujá, nossos contatos continuaram. Quando o DEOPS foi extinto, você fez questão de trabalhar no Instituto Médico Legal e quando me visitava no Guarujá, relatava com aparente horror os casos que davam entrada nos dias do seu plantão, mas no fundo sei que você vibrava com aquilo tudo.
Irene, apesar da sua morbidez, você era boníssima, incapaz de fazer mal a ninguém. Fiquei abaladíssimo ao saber do seu óbito, mais ainda, quando soube que você foi barbaramente assassinada, na sua morada no bairro da Casa Verde, quando  estava sozinha, por facínoras, sob efeito de substâncias ilícitas, a golpes de picareta... O que me causa estupefação é que a morte trágica foi bem ao estilo que você vibrava  ao ler o extinto periódico Notícias Populares.
Seus entes queridos, em especial seus três sobrinhos, eram amados por ti. Amada e saudosa amiga Irene Soffner,
Irene Sffner
o mundo ficou insulso sem sua presença radiante. Encontrei esta forma de externar o que sinto por você, porque sua radiante existência deixou marcas indeléveis na minha vida. Minha mulher sempre fala de você, meus falecidos sogro e cunhada também a tinham em alta estima e consideração.  
Se supostamente existisse vida após a morte, tenho certeza que você estaria ajudando na recepção de pessoas que faleceram subitamente e de modo trágico, como por exemplo, homicídios, cataclismos, carnificinas ou desastres em decorrências de inoperância de máquinas criadas pelo Homo Sapiens.
Se recorda daquela vez que você me levou numa cartomante, lá no bairro do Pari, que previu nas cartas que eu ficaria perdidamente apaixonado por uma amante (sic) e que deixaria minha esposa, antes que meu casamento completasse sete anos? Pois é,  Irene,  já são trinta e seis anos, que a Alice me atura. Quando a saudade estiver muito intensa escrever-lhe-ei uma nova epístola pauliana. Caloríssimo e afetuosíssimo abraço deste seu amigo que nunca a esquece. Até breve...
João Paulo de Oliveira
 Diadema, 4 de agosto de 2013.

4 comentários:

  1. Já tinha comentado do blogue do FerreirAmigo.
    Excelente e emocionante, Amigo João Paulo de Oliveira.
    Grande abraço e votos de boa semana!

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  2. Estimado Confrade e Ilustre Prof. João Paulo.
    Linda e emociante epístola dedicada a sua amada Irene Soffner.
    Abraço amigo

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  3. Caro Amigo Pedro Coimbra!
    Não esqueço a disputa amigável que fazíamos para ver quem terminava primeiro de datilografar as fichas de protocolos dos processos de permanência definitiva e também de naturalização, que vinham de Brasília-DF, para a alegria dos estrangeiros que aguardavam os tão esperados documentos!
    Agradeço e retribuo os auspiciosos votos!
    Saudades...
    Caloroso abraço! Saudações reminiscentes!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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  4. Caro Amigo António Cambeta!
    Folgo saber que apreciou o tributo que prestei a inesquecível Irene Soffner!
    Caloroso abraço! Saudações saudosas!
    Até breve...
    João Paulo de Oliveira
    Diadema-SP

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